Crítica – Mad Max: Estrada da Fúria

Danilo de Oliveira
7 Min de Leitura
4.5 Excelente
Critica - Mad Max: Estrada da Fúria

Trinta anos! Eu disse trinta anos depois, eis que George Miller traz de volta sua clássica franquia Mad Max de volta as telonas.O ainda mais curioso é que com Tom Hardy no lugar de Mel Gibson,uma pergunta se ecoava: valia a pena fazer um Mad Max sem seu ator principal?

A resposta está em Mad Max: Estrada da Fúria. O novo longa faz com que todos os filmes de ação pelo menos da última década pareçam um projeto amador de estudante de cinema.

Desertos, motociclistas vestindo couro, grupos de sobreviventes enlouquecidos, sedentos por gasolina e água, um protagonista vingador de poucas palavras: essas são as marcas do universo criado por George Miller, que continua tão cativante como sempre na mão do australiano, mesmo 30 anos depois.Ele nos seus 70 anos mostra ousadia, transborda idéias e sempre querendo ir além, é para aplaudir de pé. Nada em Estrada da Fúria é uma repetição do que foi mostrado com o personagem em seus três filmes anteriores.

Warner Bros/ Reprodução

 

Com uma historia simples somos representados(ou apresentados) através de uma narração em off ao personagem Max (Tom Hardy)que nos informa do seu passado e acontecimentos para o futuro distópico ali presente.

E a ação começa logo, com Max obrigado a fugir de um grupo de selvagens. Na perseguição, acaba capturado. É levado então para a “Cidadela”, cujo líder, Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), é Warlord e messias de uma estranha religião, responsável por oprimir os sobreviventes do holocausto nuclear que vivem sob sua proteção e imploram por um pouco de água. Quando a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) foge com as esposas de Joe, Max vê a chance de escapar, mas precisa decidir se ajuda a rebelde ou se segue seu próprio caminho. Assim começam duas horas de porrada quase ininterrupta.

Mas Estrada da Fúria não é uma odisséia de como seu personagem escapa de seu confinamento e busca significado nesse mundo louco,não como nas obras anteriores Max é mas um coadjuvante dentro de seu longa.O destaque está mesmo na Furiosa de Theron.

Warner Bros/Reprodução

 

Ela é uma mulher com uma missão, capaz de ir a extremos para impedir que outras compartilhem o destino uma vez reservado a ela. Furiosa é mais do que uma guerreira casca-grossa: ela representa a esperança de um mundo melhor em meio ao caos da Terra no futuro, e é de partir o coração ver como essa fagulha aos poucos se extingue. George Miller, afinal, não é um cineasta com idéias “fáceis”, e de cara mostra que seu interesse em uma cavalgada ao Sol poente no final é nulo. Ele usa a personagem de Charlize como um farol que irremediavelmente vai apagar – a pergunta é, o que sobra a uma mulher quando lhe é retirada a ilusão de futuro?

Sugado para esses eventos fora de seu controle é interessante como a narrativa tem o Max de Hardy(bem no papel, quase o homem sem nome da Trilogia dos Dólares, de Sergio Leone.) como uma figura de extrema importância, mas o jamais coloca no centro do palco.É a típica figura tentando sobreviver em mundo louco, mas jogado em algo contra sua própria escolha.

Keays-Byrne, que fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max (1979), está impagável como Joe. Portando um visual pesadíssimo, o ator confere os traços caricatos necessários para que seu cruel personagem funcione.

Outra grata surpresa vem de Nux, um dos Garotos de Guerra que povoa o mundo de Max, interpretado por  Nicholas Hoult com uma mistura de ternura e violência, devoção e iluminação. Os Garotos de Guerra são cria do vilão e Nux, como os outros Garotos de Guerra, acreditam no pós-vida, e trazem um nível de fanatismo que, no mundo moderno,lembram os terroristas islâmicos,( alias outra coisa muito legal em Mad Max é suas variadas tribos bem definidas e com backgrounds únicos). Perceber seu desenvolvimento e reviravoltas  no enredo enriquece a performance delicada de Hoult e faz com que Nux ganhe dimensão.

Warner Bros/Reprodução

 

Tantos personagens com arcos tão relevantes, já é raridade no cinema de ação. Mas quando Mad Max: Estrada da Fúria parte para a ação, é como nada que tenha surgido no cinema moderno fizesse  igual.

Ao contrário do que vemos hoje, a ação aqui é muito realista. Miller evitou ao máximo a utilização de CGI, o que resultou em seqüências incríveis e brutais. Não existe espaço para cortes rápidos ou overdose de retoques digitais: são pessoas de verdade guiando veículos de verdade em uma sinfonia de destruição sem paralelos. A escolha por tons quentes e sujos deixa o filme com uma percepção de algo usado, aguerrido, ainda que cansado de lutar.A trilha sonora composta por Junkie XL tem tons graves que são fundamentais em quase todos os andamentos, elas ditam o ritmo e engrandecem ainda mais as cenas. Um trabalho que mistura instrumentos orquestrais, distorções de guitarra e música eletrônica.

Warner Bros/Reprodução

Mad Max: Estrada da Fúria nos leva de volta para insano universo criado por George Miller de forma brutal, inesperada e remodela o atual cinema de ação, oferecendo um filme ambicioso, sem jamais se entregar aos clichês do momento. Uma obra peculiar que honestamente, dificilmente será batido este ano.

Obs: Assista em 3D e na MAIOR TELA POSSÍVEL!

Critica - Mad Max: Estrada da Fúria
Excelente 4.5
Nota Cinesia 4.5 de 5
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