Crítica – Logan

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura

17 anos, 9 filmes,talvez nenhum(alias nenhum)ator na História do Cinema teve uma carreira como a de Hugh Jackman com o seu  Wolverine. O ator australiano(que não era primeira opção de Bryan Singer em 2000)sempre representou muito bem o personagem e através dele construiu uma carreira solida em Hollywood.Chegou o momento de dizer adeus ao seu alter ego de maior destaque né! E graças a Deadpool ano passado que podemos ver o Carcaju na sua essência em Logan, o filme definitivo do personagem das garras de adamantium no cinema.Brutal,emocionante e intenso são  as palavras para resumir a jornada final do personagem aqui.

Em um futuro próximo, mais precisamente em 2029, os mutantes praticamente não existem mais e os que sobraram são caçados por diversos grupos. Doente e alcoolizado, Logan trabalha como chofer de limousine para comprar uma embarcação – a fuga definitiva dessa civilização insalubre – e também para sustentar um velho e delirante Charles Xavier (Patrick Stewart), que é um perigo para si e para toda a raça humana. A rotina é abalada com o aparecimento de Laura (Dafne Keen), uma menina mexicana de doze anos que age e se comporta exatamente como ele em sua juventude e está sendo perseguida por uma organização paramilitar, chefiada por um laboratório de pesquisas genéticas.

O roteiro de Scott Frank, Michael Green e do diretor James Mangold se difere de outras adaptações de quadrinhos e do selo Marvel de muitas maneiras. Apesar de adaptar o personagem Old Logan dos quadrinhos(e algumas referencias a outras Hqs), ele prefere se calcar nas relações entre os personagens em detrimento do heroísmo e das cenas de ação. Temos um retrato melancólico e debilitado de um universo outrora tão colorido, soando como uma mistura esperta entre Filhos da Esperança (adicione também o fato de que “nenhum mutante é nascido há anos) e Mad Max, com o visual próximo de um western e que concentre boa parte de sua ação na estrada e na fronteira entre os EUA e México e até The Last of Us na questão do relacionamento entre Logan e Laura.

Alias Mangold além de diferir toda essa essência de adaptação ainda cria um road movie como poucos, com o cansado Logan, a silenciosa Laura e o debilitado Xavier formando o trio mais incomum na situação mais peculiar possível; há momentos de ternura, como quando são acolhidos por uma família na estrada para jantar, e de um bem-vindo senso de humor – a relação entre Logan e Xavier nunca esteve tão dinâmica e paternal, e o inesperado senso de proteção com o protagonista e a jovem Laura é outro ponto fortíssimo, com a estreante Dafne Keen sendo capaz de dominar todas as cenas em que aparece, e o fato de conseguir fazê-lo quando passa 70% do filme calada – atuando apenas com seus olhos e a expressão curiosa/ameaçadora – é impressionante.

A menina ainda dá um show nas cenas de ação sendo de uma selvageria como pouco vimos em um filme.Alias a classificação mais restrita faz finalmente jus ao personagem. Suas cenas de ação, embora poucas, são de uma brutalidade que atende perfeitamente ao personagem com garras de adamantium, além de nunca serem gratuitas.

Os antagonistas também funcionam, em parte. Boyd Holbrook merece créditos por elevar um vilão claramente genérico e sem personalidade, fornecendo a Donald Pierce uma presença ameaçadora e imprevisível, algo também beneficiado por sua prótese mecânica altamente chamativa (reparem em como as pontas dos dedos trazem pedaços de pele), e todo o conceito do grupo de caçadores apelidados de Carniceiros funciona como bons vilões para o trio protagonista. O problema reside quando o roteiro aprofunda seu conceito, e acabamos com a insurgência de um novo antagonista que parece completamente deslocado do universo realista e sujo que vinha dominando a primeira metade da projeção. Outro problema é que o filme se estende um pouco além da conta, podendo ter encerrando com uns 10 min a menos. Mas os problemas ficam por aí. Há muito mais qualidades do que defeitos em Logan, e este com certeza é o filme que Hugh Jackman sempre quis fazer. Jackman aqui entrega simplesmente sua melhor interpretação como Logan, transmitindo o cansaço e dor que o personagem carregou até agora, que ainda é ajudada por um Patrick Stewart sensacional no seu mais humanizado e fragilizado Xavier.

Logan nos traz o tão sonhado filme do Wolverine em sua essência. Tem algumas falhas, tem sim, mas de forma emocionante e brutal ele é uma despedida a altura para Hugh Jackman e seu Carcaju e que com certeza quem o acompanhou nestes 17 anos sairá da sala emocionado. Obrigado Hugh! Obrigado Logan!

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