A não tão nova iniciativa de reconstruir clássicos da animação parece ter sido promissora, já que não encontra um fim. Ironicamente “Mogli: O Menino Lobo” também estreou esse ano, o que abrirá discussões e comparações entre os “selvagens”. Dirigido por David Yates (“Harry Potter”) e com um grande elenco, o filme contará de uma forma dramática e obscura a história do Rei da Selva.
A princípio somos apresentados ao local em que se passará maior parte do filme, uma forma de tentar inserir o espectador na bárbarie que seguirá até sua conclusão. O grande Tarzan (Alexander Skarsgård) é adicionado como um diplomata que não quer ser indentificado por sua alcunha africana, uma vez que se mudou para a cidade com o objetivo de proteger sua esposa Jane (Margot Robbie). Afastado da natureza há 8 anos, nosso protagonista decide retornar e é surpreendido com acontecimentos que trarão seu passado de volta.
Com uma ótima fotografia e o bom desempenho de Alexander (“True Blood”) que deixou Tarzan mais humano e Margot (“O Lobo de Wall Street”) sendo uma Jane mais enérgica, ainda que tenham que interpretar o básico “Tarzan salva Jane”, o filme terá boas cenas de ação, mesmo pecando nos efeitos especiais. O 3D não é um dos melhores artifícios e provavelmente só esteja disponível para maquiar a qualidade dos efeitos. A trilha sonora foi aceitável e garante um apelo emocional nos momentos devidos.
Para agregar peso ao elenco temos Christoph Waltz (“Django Livre”) no papel do misterioso vilão Leon Rom, que até mostra suas garras em muitos momentos… pena que não morde. Outro que não fez mais do que aparecer foi Samuel L. Jackson que mais pareceu um escudeiro responsável pelo alívio cômico, o que é triste em vista do bom ator e de seus papéis de destaque, mas uma coisa é certa: haverão memes por sua atuação. O grande destaque vai para Djimon Hounsou (“Diamante de Sangue”) que ainda consegue intimidar e trazer conteúdo no papel do chefe Mbonga.
É certo que tenham inovado quando decidiram por um filme sóbrio, mas o roteiro não desafia tanto os atores, que podem até ter seus momentos de glória, só que depois são desperdiçados. Sem esquecer que a duração fez dessa película um motivo para sair correndo do cinema. Não poderiam fazer algo mais adulto que isso, sendo que para os jovens não será tão encantador.
Intercalando entre o passado e o presente, podemos ter um dinamismo, mas a direção de Yates é carimbada com seu drama e pitadas de tédio. Houve uma dedicação, e isso resultou em seus diferenciais. Além disso fizeram muitas auto-referências divertidas. Por fim, foi um alívio não termos a cópia da animação computadorizada de 2013. Vamos pecar, mas nem tanto.