Crítica – Homem de Ferro 3

Danilo de Oliveira
9 Min de Leitura

Como já dizia aquele velho ditado “as roupas não fazem o homem”. As façanhas da gloriosa armadura de Tony Stark podem ter sido o que atraiu inicialmente o público para a primeira adaptação de “Homem de Ferro”, em 2008, mas foi a poderosa interpretação de Robert Downey Jr. como o excêntrico“ bilionário,playboy,filantropo” que fez com que o publico esperasse por cada uma das aparições seguintes do personagem no cinema.

Com isso em mente, é que chegamos a “Homem de Ferro 3”uma aventura que cita mais mais sobre o homem do que sua armadura de metal.Embora se apegue ao drama pessoal do personagem,claro que o filme faz jus de apresentar cenas de ação de tirar o fôlego,mas logo fica claro que o foco do roteiro do britânico Drew Pearce e do diretor Shane Black (velho colaborador de Downey Jr. e um dos responsáveis por seu retorno às telas) se interessa mais em dissecar psicologicamente seu protagonista do que apenas colocá-lo em batalhas aleatórias por aí.

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Situado algum tempo após os eventos de Os Vingadores, o longa nos apresenta a um Tony Stark que, por conta do seu encontro com alienígenas, monstros gigantes e semideuses, sofre de ataques de pânico e constantemente recorre à sua armadura para sentir-se seguro. Obcecado pela construção de novos e melhores trajes, ele se afasta um pouco da sua amada Pepper (Gwyneth Paltrow) e dos amigos, o militar James Rhoades (Don Cheadle) e Happy Hogan (Jon Favreau, diretor dos dois filmes anteriores da série).

Esse afastamento tem serias consequências  quando o terrorista conhecido como Mandarim (Ben Kingsley), líder da organização Os Dez Aneis (a mesma do primeiro filme,e responsável pelo seqüestro de Tony no mesmo) , surge causando pânico pelo país, secretamente aliado ao industrial Aldrich Killian (Guy Pearce). Eles atingem o herói em um nível pessoal e o extirpam de todos os seus recursos. Abalado e sem poder contar com seu arsenal tecnológico, Tony tem de se reinventar para lidar com a nova ameaça.

Mas a grande pedra no sapato de Homem de Ferro 3,talvez seja a mesma da terceira aventura do Batman: A grande expectativa gerada pelo seu antecessor, no caso aqui o furação chamado Os Vingadores, e para dificultar ainda mais o problema o roteiro tem que contornar um outro detalhe que se chama Universo Cinematográfico Marvel.Com a existência do filme do grupo fica difícil acreditar que o Homem de Ferro não pediria ajuda ao Capitão América ou a Viúva Negra. Mesmo que a aventura considere que se trata de um desafio pessoal para Stark ,em alguns momentos as coisas ficam tão globais que ao menos um da superequipe aparecesse para dar uma mãozinha a Tony.

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É um detalhe incômodo que provavelmente será resolvido nos próximos filmes do estúdio, mas que, agora, existe, mostrando que a ambiciosa empreitada da Marvel Studios tem seus desafios para ser administrado.No entanto há um ponto positivo neste isolamento em relação ao seus antecessores(embora há algumas menções muito rápidas e vazias)afinal a aventura foca totalmente em seu protagonista e não faz a trama abrir espaço para inserir os “elementos” de outras series,um grande triunfo em relação ao segundo filme.

O que dizer de Robert Downey Jr.  elogiar é pouco em sua quarta inclusão no universo Marvel, sua atuação  mais do que nunca comprova como sua imagem esta mais que associada ao Tony Stark,e dessa vez traz algo inédito ao personagem:A insegurança, ao ser diagnosticado com  os ataques de pânicos nos dar uma idéia de como tudo é novo para ele assim como dos desafios que virão a surgir, bem como sua figura na serie,de que sempre esteve no controle da situação,ao ver que não é esse o caso seu estado traumal é justamente criável, além de  sua interação com o ator mirim Ty Simpkins pode ate meio piegas mas sem duvidas é muito divertida.

E se falamos em amadurecimento personagens o que dizer da cena pré Homem de ferro para vermos como Tony evolui muito sua persona, e a responsável por isso é a digníssima Pepper Potts da Gwyneth Paltrow.A química exercida pelos dois é muito boa e até mesmo as discussões são recheadas de um carinho tão grande que nos obriga a torcer pelo casal.Paltrow tem um papel mais relevante dessa vez e participa mais ativa da ação, aproveitando bem o tempo em tela da personagem.

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Happy Hogan de Jon Favreau se torna o alivio cômico, mas também desempenha um papel de certa importância para trama. Don Cheadle esta um pouco mais solto com seu James Rhodes e seus diálogos com Robert estão bem mais ágeis,ainda que tenha pouco tempo de tela, mas a figura do Patriota de Ferro só aparecer para uma coisa: vender brinquedo!.Rebecca Hall tem pouco a fazer em cena e realmente não deixa nenhuma grande impressão com sua Maya Hansen, uma pena já que seu personagem tem uma certa importância no arco Extremis.

E o que dizer de Sir Ben Kingsley que mesmo com pouco tempo rouba a cena( e irrita os fãs!)com seu Mandarim uma figura que deve ser observada com detalhes pois mistura o que há de pior dos hemisférios. O Aldrich Killian de Guy Pearce se mostra um vilão/magnata mais comum, mais tem um ótimo desenvolvimento, bem como uma motivação e objetivos mais claros, tornando seu arco mais eficiente que aqueles dos vilões anteriores da trilogia.

Longe de ser um simples diretor contratado Shane Black nos mostra coragem ao mexer em elementos chaves dos quadrinhos e mostrar sua assinatura em cada frame da película.Utilizando o arco Extremis de Warren Ellis e ilustrado por Adi Granov(que influenciou o visual da trilogia) ele e Drew Perce  não se limitam só em apresentar a historia e tal como mexer nas feridas políticas estadunidenses recentes, sem ter medo de nominá-las.

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Sem contar que a organização IMA (Ideias Mecânicas Avançadas) e a gigante do petróleo Roxxon, conhecidas dos fãs de quadrinhos, ganham espaço na tela, além da aparição de versões cinematográficas de várias das armaduras do Homem de Ferro queridas pelos leitores das HQs. Por falar neles, em uma aposta arriscada, a dupla de escritores tomou imensas e corajosas liberdades quanto ao material original. Apesar dessas mudanças fazerem sentido dentro do contexto e proposta do filme, elas irritarão vários fanboys mais xiitas, especialmente nas viradas de roteiro que acontecem no segundo ato.

E enfim as cenas de ação do filme são bem intensas e muito impactante em tela e  nunca caem na mesmice por serem bem distantas umas das outras, além de se encaixar nas ambições do roteiro proposto, destaque para o ataque a mansão e a “Festa de arromba” que arrancarão gritos da plateia.

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Apesar do filme tentar equilibrar humor , ação e drama, em alguns momentos a um  pouco de exagero na carga de transição entre elas, assim como seu epilogo um tanto apressado, mas nada que comprometa o todo.A trilha sonora composta por Brian Tyler tem seus momentos que vão do épico ao mediano mas se sai muito boa embora não apresente o Heavy metal dos anteriores.

Homem de Ferro 3 faz uma analogia com seus antecessores e fecha arcos iniciados em 2008, concluindo a trilogia com um estouro(realmente!) com direito a uma montagem dos melhores momentos dos episódios anteriores durantes os créditos.O filme pode não ser o melhor filme da Marvel no cinema como muitos esperavam, mas seu realizadores fizeram um trabalho corajoso e porque não dizer humano ao mostrar mais do homem por dentro da armadura.

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