“Vivemos em função do espetáculo”Guy Debord já nos afirmava em sua obra “A Sociedade do Espetáculo” onde suas projeções baseando-se na sociedade onde vivia (durante a guerra mundial) iriam concretizar-se na sociedade contemporânea onde o espetáculo se sobrepôs à vida humana: o real.
Sobre essa idéia o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu narra a jornada de um ator de Hollywood assombrado pelo prestígio do passado,além de uma bela crítica a industria do entretenimento como um todo.
Riggan Thomson (Michael Keaton) se tornou um dos astros mais importante da geração dos anos 90 após interpretar Birdman, mas a recusa de protagonizar novamente o herói levou-o a enfrentar o pesadelo mais temido por um artista: O esquecimento. Obstinado a recuperar sua notoriedade, investe tudo em uma adaptação teatral da Broadway. Mas o ostracismo não é o único fantasma que o rodeia. Thomson tem que lidar com o fracasso de seu casamento, com a filha rebelde cheia de crises existenciais (que também é sua ajudante), com a petulância de um jovem ator, vivido competentemente por Edward Norton. Para piorar, o protagonista precisa suportar uma insistente voz oculta, fruto de sua mente, que mais tarde revela-se ser do antigo personagem.
Realmente é impossível não associar a trajetória de Riggan com a do próprio Keaton. Após interpretar Batman, nos longas dirigidos por Tim Burton, o ator foi aos poucos desaparecendo dos holofotes e, mais tarde, passou a se contentar com papéis coadjuvantes em filmes, muitas vezes, infanto-juvenis. Talvez seja por isso que o ator pareça tão confortável em sua interpretação.
Aliás, todo o elenco está bem. Andrea Riseborough ,Naomi Watts,Edward Norton,Emma Stone, Zach Galifianakis, todos tem um elo na vida de Reagan e isso é destacado no roteiro.Destaques para Norton na pele do astro cheio de estrelismos e Stone como a filha do protagonista que tem constantes discussões com o pai.
Outro ponto a destacar é a edição do filme. Simulando de maneira perfeita um filme montado em um longo plano-seqüência é incrível como não se consegue perceber seus cortes(que existem)dando uma dinâmica interessante a trama.
Birdman Ou A Inesperada Virtude Da Ignorância é uma obra autêntica e intensa, mergulhando em um universo repleto de inseguranças pessoais e profissionais, onde arte, artistas e críticos se digladiam para ver quem tem o direito de serem considerados superiores em relação aos seus pares/rivais.