O cinema adora tubarões assassinos! Desde que Tubarão de Spielberg conquistou e assustou plateias do mundo todo,volta e meia eles voltam ser protagonistas.Tudo bem que a maioria foram atrocidades da pior espécie, mas eis que surge algo para dar animo ao um gênero tão sofrível! Responsável pelo hit do terror A Órfã, o diretor espanhol Jaume Collet-Serra, se especializou em dirigir longas de ação e suspense com Liam Neeson. Agora, ele investe num filme que reúne vários elementos dos dois gêneros citados.
A trama é bem simplista e direta: Nancy (Blake Lively) é uma jovem que larga o curso de medicina após a morte da mãe. Buscando memórias desta, a garota procura por uma praia secreta em um lugar paradisíaco, na qual a mãe esteve décadas atrás. Ela encontra o recluso local e passa boa parte do dia surfando. Até que acaba atacada por um tubarão.
Ferida, ela se acolhe em um recife de corais, não muito longe da costa. Mas o animal permanece por perto, impedindo que tente nadar até a praia. Nancy, então, terá que bolar um plano para conseguir escapar antes que a maré suba.
Com pouco menos de 90 minutos de duração, o longa é ágil, criativo e atraente. O diretor não deixa a bola cair e ainda insere alguns artifícios visuais bem interessantes. O cinema e a TV já adotaram a ideia de exibir mensagens de texto na tela, mas Águas Rasas vai além. Vemos posts no Instagram e até conversas via FaceTime. Foi o artifício encontrado para trazer outros personagens para a tela, seja através de vídeo (irmã e pai de Nancy) seja através de fotos (mãe).
As cenas de surf, inclusive, são muito bem filmadas e menos artificiais do que costumam ser estes momentos no cinema.
Porém, o diretor só peca em seu terceiro ato, ele juntamente com o roteiro de Anthony Jaswinski erra bastante a mão ao tentar transformar sua luta pela sobrevivência em algo maior.Parece que Serra tem uma sina em não consegui terminar suas produções de forma orgânica.
Blake Lively, entrega umas das suas melhores performance de sua carreira. Saída dos dramalhões e das comédias românticas adolescentes, ela revela seu lado badass em uma atuação que exige muito de sua performance física e de expressões que não envolvem diálogo, mas sensações de medo, ideias e qualquer outro tipo de reação que Nancy tenha em seu limitado ambiente. A atriz se sai muito bem, e Serra deposita confiança em seu talento na excelente tomada em que a protagonista testemunha um homem sendo brutalmente devorado pelo tubarão, mas o diretor inteligentemente mantém a cena toda em um plano longo da reação de Blake.
Com seus curtos 86 minutos, Águas Rasas certamente é uma grata surpresa em meio a blockbusters sem conteúdo e infinitas adaptações de super-heróis, temos aqui um filme pipoca simples e que não trata o espectador como burro, entregando justamente o que promete em um filme intenso e eficiente,ainda que meio exagerado em seu ato final.