Crítica – A Cabana

Priscila Dórea
5 Min de Leitura

É um filme bonito e incomodo ao mesmo tempo. Bonito porque a história e tudo que ela quer que vejamos é um sentimento muito bonito, um alcance espiritual sem igual. Para muitos é uma realização, um desejo, uma resposta a ser alcançada: Por quê? Como? E por quê?, e de certa forma independe da religião se você analisar apenas os questionamentos que o protagonista passa.

Porém é incomodo, não para todos claramente, mas para mim foi – caso isso seja de algum interesse – pura e simplesmente por motivos de não me enxergar tendo uma elevação espiritual tão intensa quanto a que acontece no filme, a ponto de me esforçar tanto pra conceder um perdão que não seria, provavelmente, concedido verdadeiramente.

Sim gente, isso é uma resenha de filme, aguentem firme.

Dirigido por Stuart Hazeldine (Exame, 2009), A Cabana tem como narrador Willie (Tim McGraw, Um Sonho Possível) que conta a história do amigo e vizinho, Mack (Sam Worthington, Avatar), e o final de semana que ele diz ter passado em uma cabana no meio da floresta com Deus.

Inicialmente o plot se desenrola intercalando passado e presente, fazendo com que conheçamos a trágica e cruel infância de Mack, e então o seu trágico passado recente, quando Missy (Amélie Eve, When Calls the Heart), sua filha mais nova, foi sequestrada e morta em um momento de pânico dele, enquanto resgatava os dois filhos mais velhos Kate (Megan Charpentier, Mama) e Josh (Gage Monroe, Dark Matter) de um acidente de caiaque.

Se compararmos a forma como a história é contada no livro e como tudo se traduziu no filme, tanto o diretor quanto os roteiristas (John Fusco e Destin Cretton) merecem um tapinha nas costas. Como a história é contada por Willie, o distanciamento emocional por ele não ter passado por aquilo é claro, e passagens como a infância de Mack são relatadas em um único longo parágrafo, porém no filme isso é mostrado da forma que só o cinema é capaz de transmitir uma história, dando uma dimensão maior e mais clara do que uma adaptação cinematográfica pode ser.

Todo o final de semana que passa na companhia de Deus (Octavian Spencer, Estrelas Além do Tempo), Jesus (Aviv Alush, Ta Gordin) e Sarayu, o Espírito Santo (Sumire Matsubara), é um tempo de descoberta, perda e encontro. A vida na cabana é como passar o final de semana na casa de interior da família, com o pequeno detalhe de que sua anfitriã é ninguém menos que Deus.

Como adaptação, as escolhas foram inteligentes, tanto no que diz respeito ao que colocaram e ao que tiraram da obra literária, mas uma falha considerável foi a interação de Mack com Willie, em dado momento a impressão é que eles na verdade não se dão muito bem Parece que Mack considera o Willie o tipo de vizinho incomodo, mas em outras cenas eles estão no estilo “de boa” que existe nas longas amizades.

Talvez tenha sido uma falha de atuação, ou a falta de poder no roteiro em querer transmitir que Mack estava chateado no geral e não apenas com Willie. De qualquer forma, não funcionou bem e ficou confuso.

O final é emocionante, e sim, rende lágrimas, o filme todo por si só procura felicidade, mas as lágrimas vão estar todas ali arrumadinhas, só esperando para despencar sem dó. Todavia, o final do livro dá um desfecho para o crime em si, e acho que isso foi uma falha no filme já que lá isso não acontece. É fácil entrar no ritmo e na vibração dos sentimentos de Mack durante a história, e você sai do cinema desejando esse desfecho além da certeza que Missy, apesar do pesares, está feliz e bem agora.

O elenco ainda conta com Radha Mitchell (Terror em Silent Hill) como Nan, a esposa de Mack; Graham Greene (A Espera de um Milagre) fazendo a versão masculina de Deus e a nossa querida Alice Braga (Elysium) fazendo o papel de Sabedoria.

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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