Creed 3 | Michael B. Jordan mantem a base da franquia em sua estreia autoral e inspirada na direção

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Warner Bros/Reprodução

A franquia Creed surgiu como um derivado da série Rocky e de forma competente consolidou seus status. Depois de um ótimo filme dirigido por Ryan Coogler e sua boa sequencia diriigida por Steven Caple Jr. o ator Michael B. Jordan assumiu a missão de não só protagonizar a franquia como dirigir sua terceira parte, e olha ele não deixa a desejar.

Sabendo da essência da franquia, Jordan une sua paixão por animes shonem japoneses para abrir novos caminhos para o personagem nos cinemas e acrescentar uma energia divertida nas sequências de luta.

Na trama, após dominar o mundo do boxe, Adonis Creed (Michael B. Jordan) vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian Anderson (Jonathan Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue.

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Por isso mesmo, Damian pede a ajuda de Adonis para conseguir voltar para os campeonatos de luta. Apesar de tudo, dezoito anos na prisão mudam a pessoa e ele não está nada satisfeito que Creed “tomou seu lugar” como um lutador profissional de sucesso. Dois velhos amigos então vão lutar para enfrentar seus passados juntos. Para acertar as contas, Adonis deve colocar seu futuro em risco para lutar contra Damian – um lutador que não tem nada a perder.

Mesmo com uma franquia que compreende 9 filmes em mais de 50 anos de existência é interessante como Creed 3 consegue ainda trazer novas abordagens mesmo que ainda dentro das previsibilidade que a mesma já apresentou. A tematica legado e passado já presentes nos dois anteriores voltam aqui, mas ao mesmo tempo se destaca em focar somente no desenvolvimento da história do próprio personagem e não em retomar elementos (e rostos) que fizeram parte da franquia.

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A ausência de Sylvestre Stallone como Rocky (pela primeira vez em toda a franquia) é a principal sentida aqui. O roteiro escrito por Zach Baylin e Keenan Coogler ampliam ainda mais as relações familiares com a interação entre Adonis, Bianca (Tessa Thompson) e sua filha Amara Creed (Mila Davis-Kent). Isso, acima de tudo, permite que Creed finalmente possa andar com suas próprias pernas e se sustentar sozinho, sem amarras de Rocky.

Em sua estrutura, o filme não tem força para quebrar alguns moldes preguiçosos estabelecidos pela franquia, mas se encontra muito bem dentro desse destino calculável e controlado. A total compreensão de Jordan sobre a fórmula que trouxe sucesso duradouro para a saga é, na verdade, um dos pontos fortes deste filme, já que tudo pode ter certas previsibilidade, mas todas bem conduzidas.

Um dos atores mais talentosos da sua geração B Jordan dá um novo passo em sua carreira, assumindo a direção de Creed 3 e olha sua estreia é com o pé direito! Jordan mostra uma personalidade incrível mesmo sendo sua estreia na direção, ressaltando bem a carga emocional das atuações, e principalmente inovando nas cenas de ação dentro dos ringues, que foram inspiradas em animes famosos como Naruto e Dragon Ball Z, e apresentam muitos close-ups e mudanças de movimento e velocidade da câmera no confronto.

Os personagens ao redor de Donnie são todos contrapontos eficazes para suas lutas, mas não somente isso. Cada um deles recebe seu próprio arbítrio para servir à história que está sendo contada, ainda que resta pouco espaço nesse desfecho. A Bianca de Tessa Thompson (Thor: Ragnarok), por exemplo, está lá para desafiá-lo, lembrá-lo da existência da família, mas ela também é retratada como alguém que lida com problemas semelhantes de uma maneira muito mais saudável. Já Jonathan Majors tem a presença necessaria para destabilizar a vida perfeita de Adonis, com uma carreira vitoriosa e consolidada e com sua família constituída. Damian Anderson é uma figura que faz com que o protagonista precise confrontar seu próprio passado e lidar com questões emocionais pelo ressentimento com atitudes que ele tomou quando era mais novo – o que funciona bastante pelas motivações plausíveis de Damian, que sente-se traído e abandonado pelo seu antigo amigo. Majors consegue trazer nuances emocionais e roubar a cena com uma ameaça fisica imponente diante ao protagonista.

Warner Bros/Reprodução

Creed 3 é uma experiência energética, divertida e emocional que apesar de não ser inovador na fórmula tradicional do gênero, mantém o nível da franquia que representa, mas se destaca por fugir das amarras estabelecidas pela franquia Rocky ao focar na história e relações do seu protagonista.

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