Experimentos científicos como clonagem já foram abordados diversas vezes por Hollywood. A ideia do ser humano brincar de Deus, fascina e traz varias discussões que questionam e instigam o nosso subconsciente.
Cópias – De Volta à Vida é mais um a trazer essa temática e abordar a ética cientifica em consonância com o amor incondicional a família. Se você achou interessante, fique sabendo que essa profundidade foi esquecida em algum lugar, com um roteiro repleto de furos e incoerências que fazem vergonha ao seu astro Keanu Reeves de ter se envolvido nele.
Na trama, Reeves é Will Foster, um cientista especializado em mapeamento da mente humana e sua transferência para corpos sintéticos. Porém , com a morte de seus três filhos e esposa em um grave acidente automobilístico, ele tome uma radical decisão: a de aplicar o método, que fora falho por mais de 300 tentativas anteriores, para trazê-los de volta à vida. Ajudado pelo amigo Ed (Thomas Middleditch), Will se supera e consegue, pela primeira vez, fazer o processo com êxito e gerar clones perfeitos.
A premissa logo de cara remete a um leque de referências, cada uma com seu tom em especial, e o filme poderia explorar um vasto território de ideias mesmo sob um orçamento limitado, como já provou Ex Machina, mas ao invés disso, o roteiro toma varias decisões incrivelmente incoerente. Todas as decisões impostas por Foster e o roteiro fazem sentido. Movido pelo amor a família, ele simplesmente decide clonar-los sem consequências, consegue efetuar todo o processo de clonagem na garagem de casa, fugir com equipamentos bilionários sem que a empresa de tecnologia perceba, sem falar que ninguém se dá faltar de 3 pessoas? O filme trabalha de uma forma que nem o mais descrente da realidade acreditaria nas suas escolhas. As perguntas óbvias associadas à clonagem, como as diferenças (emocionais, essenciais) da cópia em relação ao original, os limites científicos da prática nada disso é explorado e só piora sua reputação como sci fi.
A evolução dos personagens é nula durante todo o longa. Keanu Reeves parece está no automático, além de mostrar suas limitações dramáticas com expressões friamente robóticas. Alice Eve embora sua Mona, seja meio que uma bussola moral para o protagonista, também está no automático. O que melhor se sai aqui é Thomas Middleditch que consegue dar vida ao coadjuvante Ed, em pontuais reações e diálogos.
A parte técnica também é um desastre. A edição traz planos confusos e corte de uma cena pra outra de qualquer jeito, a fotografia não é lá essas coisas toda e CGi parece ter saído de gráficos do Playstation 2 de tão falsos que são.
Bom, Copias – De Volta à Vida traz premissa interessante, mas de tão incoerente que são suas decisões de roteiro, acaba soa como uma comédia involutaria que tenta se vender como sci fi barato. Melhor continuar como John Wick, Reeves.