Você já tentou entrar na mente de um psicopata? É algo mais comum do que se pensa. Com a chegada da série “Mindhunter” pelo serviço de streaming Netflix, é natural vermos o livro do qual a série se baseou voltando para as prateleiras com uma capa repaginada e algumas notas referentes a tanto que se passou desde seu lançamento. O livro de 1995 foi escrito pela dupla de autores John Douglas e Mark Olshaker, onde o conteúdo é muito mais retrospectivo ao narrar os casos mais instigantes da carreira de John, que em mais de duas décadas atuou como agente do FBI e com o tempo se destacou a ponto de hoje ser uma das lendas dessa importante unidade de polícia. Para os fãs de romances policiais, aqui está algo mais real, sendo os bastidores dessa assustadora missão: capturar serial killers.
Os relatos de John Douglas são impressionantes por haver uma visão crítica de alguns dos maiores homicidas e seus casos que perduram garantido uma “fama” para quem os cometeu. A inspiração criou personagens memoráveis como o agente Jack Crawford do filme “O Silêncio dos Inocentes“, onde os interrogatórios foram baseados no estudo de Douglas sobre a psicopatia numa época que nem existia o termo “serial killer” e nesses casos a prisão perpétua ou a pena de morte eram a única solução viável. Por óbvio muitas coisas mudaram, pois tantos casos pitorescos ajudaram na criação de mais precedentes e leis que servissem para situações hediondas como as demonstradas pelo autor que contou com a ajuda de Mark Olshaker, um grande diretor, roteirista e autor, responsável por organizar todas as ideias do agente e garantir um ar de mistério para quem busca mais do que o fim que se deu.
Para quem se interessa nas áreas de Direito, Medicina e Psicologia Forense (ou a psiquiatria de uma forma geral) será possível encontrar o embasamento que esses profissionais usam para explicar o que se passa pela cabeça de um assassino ao cometer um crime, o que em muitos casos é sem expressar nenhum terror. O doutor Bennett Olshaker, pai de um dos autores, foi de essencial ajuda para nos transferir tantos detalhes técnicos de uma forma mais próxima do senso comum. O que mais chama atenção são os casos como o de Larry Gene Bell, que após ser condenado por assassinato de duas mulheres foi interrogado e negou os crimes, mas que quem poderia ter cometido foi o “Larry mau”, mostrando a seriedade de seus transtornos mentais. Alguns casos acompanham fotos e até documentos que foram uteis para a solução dos inquéritos policiais.
Algo que podemos tirar de lição para nossa formação profissional (seja ela qual for) é que devemos nos colocar no lugar do outro. No caso de John Douglas, ele sabia se colocar no lugar da vítima e ao mesmo tempo entrar na mente do criminoso, sendo esse seu segredo para bons resultados em sua carreira de 25 anos no FBI, além de muita garra e perseverança, pois nem sempre acreditaram em seu potencial. Vale mencionar outros casos mencionados, como o de Charles Manson (assassino em série que liderou um grupo com os mesmos ideais, atualmente cumprindo prisão perpétua), Ted Bundy (estuprador foragido inúmeras vezes, sendo condenado a cadeira elétrica) e Ed Gein (assassino que inspirou o filme “O Massacre da Serra Elétrica“), homens com talentos notáveis, mas que somados com suas doenças cometeram atos abomináveis.
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Apesar de ser um livro denso “O Primeiro Caçador de Serial Killers Americano” não esconde o que seus leitores buscam: a verdade. Isso é o que o torna diferente de outras publicações de autoria duvidosa. A série da Netflix busca inspiração, mas não contará com a veracidade das informações aqui contidas, pois adaptações precisam alterar nomes, acontecimentos, omitir dados sigilosos e assim evitar associações que possam ofender ou perturbar o espectador. Por fim, vejam ambos os formatos como algo independente e administrado por pessoas diversas. Nossa sorte é que o diretor responsável pela série é ninguém menos que David Fincher, diretor de “Clube da Luta” e “Garota Exemplar“. Suspense é o que não vai faltar!