Com dedicação, ‘Your Lie In April’ deixa sua marca e nos inspira a fazer o mesmo

João Fagundes
5 Min de Leitura

As mentiras que contamos pra nós mesmos um dia podem se tornar verdade? O mangá que propositalmente chegou em Abril de 2017 pela Editora Panini/Planet Manga é um shonen (sim, um mangá para os meninos) que lhe apresenta algo real do início ao fim. Lançado originalmente em 2011, num total de 11 edições a história de Naoshi Arakawa nos provoca todos os sentimentos em seu estado mais puro, seja felicidade, dor, ansiedade e até mesmo raiva, mas ao mesmo tempo nos garante lições valiosas sobre a vida não ser como a gente espera, o que de fato você já deve saber. O sucesso foi imediato depois de seu anime ter estreado em 2014, garantindo 22 episódios e um OVA que foca na infância dos personagens.

Your Lie In April” (ou “Shigatsu wa Kimi no Uso” no original) narra a história de Kousei Arima, um menino que desde cedo é um talentoso pianista, pois aprendeu tudo que sabe com sua mãe, que exigia muito treino para que o jovem se tornasse o prodígio que se tornou. Contudo, após a morte de sua mãe, aos 11 anos, Kousei até se esforçou para continuar em evidência e fazer valer a expectativa que investiam nele como “o favorito dos concursos”, mas seus traumas falaram mais alto e ele parou de tocar durante uma apresentação importante para seu futuro na música. Com 14 anos o jovem ainda é lembrado por quem frequenta esses festivais, mas se tornou mais retraído e perdeu o foco, pensando que só tocava porque era obrigado por sua mãe.

A trama é direta, não fazendo tanto suspense quanto se espera de um romance jovem. A vida do nosso protagonista é pacata, ainda que tenha amigos maravilhosos como Tsubaki  e Watari, dupla que foi fundamental para ajudar na dinâmica inicial do enredo, pois convidaram Kousei para ser o “Amigo A” em um encontro de Watari com uma garota, e como ninguém gosta de “segurar vela” Tsubaki precisou do amigo de infância. Sim, estamos falando de adolescentes e seus hormônios em fúria, então não esperem um amor de primeiro encontro. A relação entre os personagens é excelente, nos fazendo desejar amizades tão importantes para nosso crescimento. A garota mencionada poderia ser uma figurante, mas é quem divide a missão de protagonizar esse mangá: pode entrar, Kaori Miyazono.

A jovem não só é bonita como também uma talentosa violinista, mas do jeito dela. Essa atitude desperta aos poucos em Kousei algo que faltava em seus dias, o que ele define como “cores”, sendo que antes vivia em “preto & branco”. O interessante desse relato do personagem é o fato de ambos tocarem música clássica em suas apresentações, de Mozart à Beethoven, o que daria um ar vintage a visão sem cores (o que até é apropriado para um mangá), mas que na verdade se trata da depressão vivida por não ter superado o luto. Kaori é o oposto, pois sua atitude enérgica faz com que ela deixe sua marca sem interpretar grandes músicos. Como toda pessoa autentica, é fácil dividir opiniões, mas o talento fala mais alto. O intuito do mangá é apresentar personagens com vidas completamente diferentes e destrinchar seus sentimentos mostrando que sofremos com pouco enquanto outros podem estar sorrindo diante de problemas piores.

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Com curiosidades de cada partitura usada no capítulo do mangá, as edições são cheias de traços divertidos e com pertinência ao sentimento que querem passar, um desafio para qualquer mangaká. Com um final não tão surpreendente, pois acaba sendo previsível diante de tantas pistas deixadas no decorrer dos volumes, a obra sabe quando acabar. Ainda que muitos questionem o fato de serem 11 mangás (número impar), a sorte favoreceu esse material que em 2013 ganhou o prêmio “Kodansha Manga Awards” e recebeu elogios de outros mangakás como o do criador de “One Piece“, Eiichiro Oda. Por falar de música, é claro que será melhor ouvir através do anime, que inclusive é bastante fiel ao mangá, só que de uma forma acompanhada dos dois a experiência será muito melhor. Por fim, esse mangá é um incentivo a sermos verdadeiros e deixarmos nossa marca por onde passarmos.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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