Uma das franquias mais icônicas dos games, existente desde os tempos do NES, enfim ganha sua aguardada adaptação para as telas. Castlevania chega à Netflix em uma série animada composta nessa primeira parte por 4 episódios de aproximadamente 25 min adaptando a trama do game Castlevania III: Dracula’s Curse.
Essa primeira temporada da série tem início com eventos que soarão familiares aos fãs da franquia: Lisa (Emily Swallow), esposa humana de Vlad Drácula Tepes (Graham McTavish), é queimada na fogueira, acusada de bruxaria pela Igreja. Ao descobrir sobre o ocorrido, Drácula jura vingança, prometendo soltar seu exército sobre a Wallachia um ano a partir daquela data. Quando o dia chega, as cidades da região começam a ser assoladas por demônios, com seus cidadãos sendo mortos indiscriminadamente. Não muito longe do epicentro desse cataclisma, encontramos Trevor Belmont (Richard Armitage), último da linhagem Belmont, lendários caçadores de vampiros que foram excomungados pela Igreja. Cabe a ele descobrir uma forma de impedir as hordas demoníacas e derrotar o senhor das trevas.
Esta primeira temporada de Castlevania dedica maior parte de seus 4 episódios para introduzir os diferentes personagens. Além dos já mencionados Trevor e Drácula, encontramos outros personagens igualmente icônicas do jogo original como a speakers Sypha e o vampiro Alucard.
Embora o detonador da trama seja o desejo de vingança de Drácula. A história explora o aspecto da culpa dos homens por terem causado este inferno na Terra. Em particular, a Igreja desempenha um papel crucial, com seus bispos corruptos e fechados (lembre-se que a história se passa no século XV), perseguiram em ver Satanás em tudo para ficar longe de sua linha de pensamento.
Na verdade, é interessante ver como as diferentes facções entre Trevor Belmont, a Igreja, as “pessoas comuns” e os Speakers, uma ordem dedicada à transferência da cultura oral e uso de magia. Pode-se dizer que nesta primeira temporada, os homens são mais importantes do que os monstros … E quase dizer que eles também são mais formidável(pra não dizer a famosa frase conhecida dos fãs da saga).
Temos também aqui um retorno à velha figura do vampiro clássico, que pode ser combatido por aquilo que é sagrado, algo muito bem vindo após tantas releituras da criatura sobrenatural (algumas verdadeiramente vergonhosas). Warren Ellis famoso quadrinista, que assina o roteiro dos quatro episódios, e deixa sua marca de maneira bem clara, espelhando seu Trevor em John Constantine, quando se trata da personalidade. De imediato conseguimos nos identificar com o personagem, que muito bem representa a luz da razão nessas trevas dominadas pelo controle firme da Igreja.
O trabalho de design é sensacional, no respeito a aparência original dos personagens e se apoia em clássicos elementos da franquia de video-games, em especial o próprio castelo de Drácula, que apresenta construções muito à frente de seu tempo, com engrenagens e luz elétrica. O lado sobrenatural caminha junto da ficção científica aqui, formando um híbrido que muito bem remete aos games originais. Por ser um desenho para adultos (o grau de violência deixa isso bem claro), tons mais escuros são permitidos, fornecendo o necessário ar de mistério à morada do vampiro,além de passar um ar de uma terra em decadência.
Como falei antes, essa temporada de Castlevania não busca entregar ação desenfreada, seu intuito é o de contar uma história – dito isso, as sequências de ação são limitadas, todas organicamente encaixadas com a trama, sendo usadas para desenvolver seus personagens. Sam Deats, na direção, acerta em cheio nessas, sabendo quando agilizar ou tornar as coisas um pouco mais lentas, a tal ponto que nos vemos engajados pelo que ocorre em tela. Por ser +18, a presença de sangue, visceras e mortes em tela aumenta a sensação de urgência, fazendo com que efetivamente sintamos o peso de cada embate, em especial o último, que marca o clímax da temporada.A animação um pouco travada em algumas cenas de ação não chegou a mim incomodar, devido a todo trabalho que a animação desempenha no geral.
Castlevania se faz uma série bastante inteligente e madura, solidificando nessa primeira temporada um universo em que suas figuras nunca deixam claro de que lado estão, nas sombras ou na luz, se é que existem apenas dois lados. Aqui conhecemos os personagens e os vimos se posicionando nesse tabuleiro que promete bons frutos para as próximas temporadas,que já foi confirmada pela Netflix . Com certeza os fã da franquia foram tratado com respeito que mereciam com esse trabalho! Muito obrigado Netflix!