Esse ano estamos presenciando que bons diretores em projetos certos fazem bastante diferença. James Wan em Aquaman, trouxe novos ares pra uma DC/Warner frustada, Travis Knight toma o lugar de Michael Bay e que alivio dizer que a esperança na franquia baseada nos brinquedos da Hasbro está viva!
A trama se passa na década de 1980 e nos apresenta Charlie Watson (Hailee Steinfeld), uma garota introvertida e trabalhadora que aprendeu desde pequena a consertar carros. Ela passa mais tempo dentro de sua garagem tentando consertar o antigo carro de seu pai do que fazendo amigos, o que atrapalha consideravelmente as tentativas frustradas de seu vizinho nerd Memo (Jorge Lendeborg Jr.) de chamá-la para sair. O amor de Charlie por carros e seu hobby por mecânica funciona de forma excelente, e Steinfeld aproveita bem protagonismo para mostrar a evolução de uma personagem que precisa superar a perda de seu pai e o curto luto de sua mãe Sally (Pamela Adlon), que já está com um novo namorado, Ron (Stephen Schneider). Entediada, o ânimo da garota ganha um novo gás quando ela descobre que o Fusca velho que ganhou de seu tio é, na verdade, um atrapalhado robô alienígena escondido no planeta que não consegue se comunicar muito bem e adora ficar sentado em frente à TV assistindo clássicos dos anos 80.
O diretor de cara já arruma vários problemas que tornaram a franquia inassistível para muitos. O tom é relativamente bem equilibrado, o filme transita organicamente entre drama,ação e comédia. O elemento humano tem muito mais peso, já que a protagonista tem um arco bem estabelecido e ela não é gratuitamente sexualizada ou maquiada o filme inteiro e sem falar que o filme não tem duração de um Titanic da vida(Gloria a Deus!) e as cenas de ação são bem dosadas e muito bem dirigidas.
A sequencia de abertura é um presente para os fãs do desenho, mostrando a guerra em Cybertron e o visual dos robôs idênticos as suas versões oitentistas. E o ato final, onde a ação chega a ser intensa é dirigida com clareza,você consegue acompanha tudo que está acontecendo sem aquela poluição visual, cheia de picotes que Bay fazia e deixava todo mundo tonto no cinema. O visual do Bumblebee e dos Decepticon são limpas e até as transformações são fluidas e intendiveis, a coreografia das lutas é incrível e tudo isso faz você se importar com o resultado do que está rolando e claro, por que os personagens tem desenvolvimento e o roteiro sabe fazer isso muito bem.
O Bumblebee é desajeitado, é engraçado e mesmo sendo um robô ele ainda tem expressões faciais e uma linguagem corporal que lembra um pouco o Wall-e. A relação de Charlie e o robô é o coração do filme. Tudo entre eles é bem construído, existe uma amizade crescente, onde um completa o vazio do outro carrega, e isso só mostra como o roteiro sobre utiliza convenções já utilizadas em outros filmes e o diretor soube explorar com perfeição. Até a musicalidade que hoje virou uma referencia é bem utilizada e saber colocar ela pra estabelecer a comunicação entre os protagonista é muito boa.
A Hailee Steinfeld é ótima! Ela transmite as emoções da personagem de maneira crível, e parece uma pessoa de verdade. O Jorge Lendeborg Jr. é engraçado, tem seu charme, mas não precisava estar no filme. A Pamela Adlon faz uma mãe bem engraçada e o John Cena está incrivelmente brega e divertido fazendo um militar!
Bumblebee traz uma nova abordagem para a série “Transformers”, mostrando que filmes de robôs gigantes não são feitos apenas de tiros, porrada e bombas, mas uma gostosa e divertida aventura movida com coração que garante o entretenimento do público e dos fãs do desenho oitentista.