Lançado há mais de 30 anos, a série Brinquedo Assassino tem em seu personagem principal uma das figuras mais populares da cultura pop: Chucky. O boneco receptáculo da alma de um serial killer, ganhou 7 filmes ao longo dos anos (e está pra ganhar uma série no canal SyFy sem data definida) e foi do slasher oitentista ao escrachado terror e comédia com sua noiva Tiffany e seu filho Glen/Glenda a partir da quarta parte.
Numa era de reboot/remakes em que personagens icônicos como Jason e Freedy Kruger já ganharam novas versões, Chucky também entra na moda, mas sua refilmagem, traz o personagem com origem e motivações diferente ao seu antecessor e dá uma nova identidade pra o publico da nova geração.
Na nova trama, Karen (Aubrey Plaza) trabalha numa loja de departamentos em Chicago e é mãe solteira do menino Andy Barclay (Gabriel Bateman). Com dificuldades financeiras e uma recente mudança de apartamento, Karen tenta compensar a ausência presenteando Andy com o boneco da moda, sem saber que a versão que foi parar em suas mãos recebeu um “upgrade especial”, fazendo que o boneco tome certas liberdades e cometa assassinatos.
Essa versão 2019, embora ainda tenha alguns elementos do original de 88 (Mãe solteira trabalhando em loja) o elemento sobrenatural como vocês poderão perceber na sinopse, foi descartado para colocar uma trama mais plausível e justificável dentro do possível, usando a tecnologia e sua constante presença em nossas vida atualmente, transformando o personagem em uma Siri da Apple ou Alexa da Amazon com cabeça, braços e pernas.
Mudar a origem da maldade do boneco pra abordar outro tema e com isso acertadamente os realizadores não se contem só na origem, mas nos desdobramentos que essa mudança pode levar, por exemplo desenvolver a maldade do boneco, que não é mal por natureza e sim suas decisões em prol ao que aprendia, isso é evoluído aos poucos e a narrativa conduz bem a trama e faz ele ir em uma outra vibe e ficando menos lugar comum do que já foi feito anteriormente na franquia. Claro apesar do roteiro justificar e trabalhar o desenvolvimento do boneco, ainda existem muitas obviedade em foco, seja em ilustrar o perfil dos personagens,revelar quem merece nosso ódio e por vai, mas como o foco é um boneco assassino, não agride e nem tira o foco do proposto até então.
Se existe essa obviedade, o novo exemplar traz uma certa criatividade ao fazer do Chucky, ser uma inteligência artificial que podem controlar outros utensílios, trazendo mais uma crítica tecnológica, a nossa dependência a aplicativos que facilitam nosso dia a dia estaríamos nos expondo a grandes empresas que se fazem mais presentes e sabem nossos gostos e tal? É, esse Brinquedo Assassino é menos slasher e mais Black Mirror, e com os métodos que o vilão usa é mais condizente com a tal proposta sendo mais furtivo e se utilizando dos aparatos tecnológicos pra atacar, que é bem usado pela direção do Lars Klevberg,e que também gera mortes bem criativas com isso!
Mas se tem uma coisa que gera um incomodo pra mim pelo menos é o visual do boneco. querendo fazer uma meia atualização, o visual fica um tanto bizarro e coloca a duvida de como um boneco tão feio e pavoroso como este é sucesso de vendas! Eu prefiro comprar um Fofão do que um bicho feio desse. No original ele tinha uma cara simpática(exceto quando era o assassino rsrsrs)mas esse, não dá não! Aos menos os efeitos práticos são bons e passam uma ideia que é um boneco robótico.
Enquanto os dois primeiros atos é quase um suspense tecnológico,desenvolvendo a maldade do personagem, sendo crível dentro do possível, o terceiro chuta o balde e parte pro quase slasher, numa correria tipica dos filmes da franquia.
O elenco é operante, tudo mundo faz o feijão com arroz dentro que seu personagem é pra ser e pronto. A dublagem do Mark Hamill (nosso eterno Luke Skywalker) traz um tom bem amigável como perigosa ao vilão, fazendo assim uma ótima escolha, vendo que o ator já é experiente nessa área.
Brinquedo Assassino 2019 reinventa o personagem de forma corajosa, coisa que é importante em um reboot atualmente. Pode não ser um primor e vai torcer o nariz de alguns mais saudosistas, mas dentro do possível ele tem identidade própria e consegue abordar seu contexto da forma mais sua e convincente possível.