Borderlands | Adaptação do game acerta no visual, mas falha em sua essência

Danilo de Oliveira
5 Min de Leitura
Lionsgate/Reprodução
2.5 Regular
Crítica - Borderlands

Adaptações de games são sempre uma faca de dois gumes! Se por anos eles foram uma maldição em Hollywood, nos últimos tivemos bons acertos que parece ter dado uma reviravolta nisso com The Last of Us, Fallout, Sonic e Super Mario Bros.

Contudo, ainda a problemática da maldição permeia um projeto ou outro nesse caminho e o recente Borderlands se encaixa nessa lista infelizmente.

A série de jogos de FPS looter shooter desenvolvida pela Gearbox e distribuída pela 2K Games, nunca foi um primor de narrativa e sempre se destacou mais pela jogabilidade divertida. O longa-metragem tropeça muito em uma narrativa vazia na qual as alegorias anti corporativistas vistas nos jogos são inexistentes. Apesar de um elenco premiado com estrelas como Cate Blanchett, Kevin Hart, Jamie Lee Curtis e Jack Black, é difícil salvar algo que não passa de bobo.

Lionsgate/Reprodução

Ambientada no planeta Pandora, a trama acompanha a mercenária Lilith (Cate Blanchett) numa missão de resgate da filha do criador das armas Atlas (Édgar Ramirez). Ela, no entanto, se depara com mais complicações do que esperado e forma uma aliança improvável com o soldado Roland (Kevin Hart), a adolescente maníaca Tiny Tina (Ariana Greenblatt), o psicopata Krieg (Florian Munteanu), a cientista maluca Tannis (Jamie Lee Curtis) e o robô tagarela Claptrap (Jack Black).

Sob o comando do cineasta Eli Roth (O Albergue), a produção pega diversos personagens e elementos dos jogos, mas propõem criar uma história própria — o que não é uma má ideia no papel, para explorar o material tanto para os fãs do game, como para os não iniciados. O problema é que o roteiro pouco aproveita o universo da franquia, alterando características e personalidades de seus protagonistas para algo raso, clichê e muito óbvio.

Personagens como a Lilith, que lidera o grupo de protagonistas, apresenta motivações e passado completamente diferentes do material-base. A Tiny Tina, apesar do bom desempenho e carisma da Ariana Greeblatt, também é outra que está mais contida e menos irônica e insana que sua contraparte dos games, além de suas origens. Toda a conexão entre o grupo é explorado da forma mais rasa e nem a desfuncionalidade deles é bem explorada.

Lionsgate/Reprodução

Parece que Roth e Joe Crombie, dupla que assina o roteiro, decidiram contar uma história sem se preocupar com as amarras aos jogos, e fazer um longa simples de ação para quem não conhece os games, apresentando estruturas próprias e sem qualquer profusão com a lore da franquia. Parece que tinham medo do caos e da bizarrices irreverente dos jogos e tentaram utilizar a formula mais batida para adaptar.

Borderlands sempre foi algo caótico e com um humor irreverente, e aqui a diversão sai de alguns momentos entre a equipe e muito mais por causa do Claptrap, interpretado de forma sensacional pelo Jack Black. As piadas e sacadas cômicas do ator se encaixam perfeitamente no personagem e ele consegue ser o grande acerto da produção.

Lionsgate/Reprodução

Outro grande acerto da adaptação fica para o visual, e aqui sim consegue ser tão gritante, vibrante e colorido quanto os games. Basta uma cena para identificar o universo em que a produção é ambientada, com a caracterização de personagens (tanto principais quanto secundários) sendo bem feita e fiel. O mundo de Pandora é bastante fiel e reproduz bem as paisagens desérticas e hostis daquele universo.

Pra finalizar, Borderlands acerta no visual fiel, mas falha como filme em sua essência ao explorar de forma pouco inspirada o mundo rico com bizarrices bem peculiares que a série de jogos da Gearbox tanto se destacou. A sensação que fica é de muito potencial desperdiçado, sendo aquele filme que diverte, mas longe de ser memorável!

 

Crítica - Borderlands
Regular 2.5
Nota Cinesia 2.5 de 5
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