Em Bohemian Rhapsody, acompanhamos Freddie Mercury (Rami Malek) e seus companheiros, Brian May (Gwilym Lee), Roger Taylor (Ben Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello) mudarem o mundo da música para sempre ao formar a banda Queen durante a década de 1970. Porém, quando o estilo de vida extravagante de Mercury começa a sair do controle, a banda tem que enfrentar o desafio de conciliar a fama e o sucesso com suas vidas pessoais cada vez mais complicadas.
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A banda Queen é frequentemente citada como um dos grandes nomes do seu estilo, assim como é recordista de venda de discos em nível mundial. É difícil encontrar alguém que não ame o Queen ou, pelo menos, já não tenha escutado uma de suas músicas. Considerando isso, é até estranho a demora para a produção de uma cinebiografia da banda.
Bohemian Rhapsody estava em produção desde 2010, e com a demora já tivemos nossa primeira preocupação sobre o filme. A segunda estava logo ali do lado: a direção estava nas mãos de Bryan Singer, que foi afastado depois das denúncias de assédio.
Ainda assim o filme aconteceu, mesmo com atraso na escolha do elenco e todos os outros percalços pelo caminho. No entanto, assim que o filme chega nas telas, tomamos consciência de um dos maiores empecilhos do longa, que chega na forma de uma entidade histórica do rock mundial: Freddie Mercury.
Mercury é um ícone do rock, e era um escândalo em forma de pessoa, assim como muitas estrelas da música. Toda excentricidade do vocalista não consegue ser plenamente passada para o filme e se tornou a razão de um ar genérico no longa, com muito rock, mas pouco roll.
Tudo bem que o filme não veio ao mundo para contar a história do Freddie e sim do Queen, porém é praticamente impossível dissociar a vida caótica dele do percurso da banda. Fatos marcantes como sua sexualidade e a exploração desenfreada da mesma, e o abuso desregrado de drogas e álcool são abordados de uma forma que, você entende que aconteceu, mas com pouca intensidade.
Intensidade essa que é de conhecimento mundial ser um dos sinônimos da banda. O roteiro do filme segue uma fórmula pronta dos tantos existentes sobre bandas de rock que, diga-se de passagem, é uma formula bem realista: um começo underground e desacreditado de jovens desajustados, excessos ilícitos, brigas, saídas de membros, e finalmente o amor pleno do grande público.
O problema é que, muito mais do que muitas outras bandas, esperávamos muito mais da majestade do Queen. No entanto pensar dessa forma é um erro nosso e não uma falha do filme exatamente. Tudo isso que vimos e parecemos saber da vida de Freddie Mercury e do Queen, principalmente relacionado a sua sexualidade, era algo que o próprio cantor evitada a todo custo comentar com o público.
Se por um lado o filme é impecável em nos mostrar algo bonito e emocionante de se assistir – as reproduções dos shows são simplesmente magníficas e de arrepiar -, por outro lado peca em não mostrar algo novo e revelador sobre a banda. O caso é: não era essa a intenção do filme, ainda mais se consideramos que a produção partiu de Brian e Roger, os dois integrantes remanescentes da banda.
Um acerto, com toda a certeza – além, é claro, da trilha -, foi a escolha de um elenco matador para cada papel disponível. A escolha de atores e suas atuações merecem inúmeras ovações de pé. É quase ridículo o quanto eles estão bons. Não apenas em suas atuações, mas também nas caracterizações surpreendentemente fiéis.
Alguns podem querer mais escândalo, mais álcool, mais drogas, mais sexo, mais segredos e situações sujas da banda, porém o que o espectador terá de verdade em Bohemian Rhapsody é o fantástico rock eclético do Queen. A marca de uma década e a inspiração de muitas bandas que viriam depois da majestade.