‘BLAME!’ tem potencial, mas não engata com o roteiro

João Fagundes
4 Min de Leitura

Quem aprecia animes e mangás com o sub-gênero cyberpunk, com certeza já encontrou o título “BLAME!” entre uma das recomendações. Sendo a obra de estréia do mangaká Tsutomu Nihei, rendeu o total de 10 volumes em 1998 e 2003. Além do anime de 6 episódios lançado após o fim do mangá, finalmente é chegado ao sistema de streaming da Netflix a animação em um longa-metragem, com a inteção de propagar a ideia dessa obra para o público mais imediatista que não conhece a história. Com a direção de Hiroyuki Seshita (mesmo diretor do anime “Ajin”, também da Netflix) teremos uma noção da “infecção” que atingiu os controles que os humanos tinham dessa cidade futurista.

Em uma civilização tecnológica, sua alternativa final de sobrevivência se baseou na Rede. Após um incidente que alterou a forma de funcionamento dos sistemas, gerou uma cidade multi-nivelada que se expande em todas as direções. Além disso, os humanos passaram a ser caçados pelo sistema de defesa Salvaguarda, criando uma necessidade constante de se esconder. Um grupo conhecido como Eletro-Fishers encara com dificuldades esse extermínio, sem ao menos saber se existem outros grupos ou humano em situações melhores. Em busca de provisões para sua aldeia, a jovem Zuru contará com a ajuda do misterioso Killy, que está procurando a chave para restaurar a ordem do mundo, o Net Terminal Genes.

Mesmo com uma animação de completa computação gráfica, artifício que tem sido alvo de muito preconceito por dar uma aparência muito artificial e não valorizar os traços de um anime, se torna fácil apreciar o filme mesmo nessas condições, já que aqui foi investido na técnica Cel Shading (renderização do 3D que se assemelha aos desenhos 2D), se tornando realmente uma questão de adaptação para o espectador. A dedicação da equipe de CG fica evidente em seu produto final. Mesmo com tanta qualidade, as cenas viscerais ficaram apenas pro mangá, já que aqui a Netflix entende que o público-alvo será em maioria dos menores de 18 anos. Por sorte, haverão cenas que se assemelham a obra original.

Está claro que o filme não é uma sequência ou prelúdio de nenhuma outra adaptação da franquia, por essa razão quem começa por aqui não perde as informações que serão gradativamente repassadas nos momentos necessários, sem forçar demais o entendimento. O próprio mangaká está aqui como roteirista e ilustrador, então será mantida a atmosfera que os fãs associam a “Blame!”. Seus personagens, porém, são genéricos, e até mesmo as criaturas, pois só representam ameaça em uma grande quantidade. Se não houvesse os androides, seria difícil encontrar algo instigante e curioso nos personagens.

A banda Angela canta a música-tema “calling you”, sendo eles os mesmos da abertura de “Knights of Sidonia”, outra obra do mangaká que recebeu uma adaptação pela Netflix. Por fim, a trilha sonora é competente e combina bastante com o visual, mas a respeito do roteiro, ficou bastante precário, o que é perceptível até mesmo para o público geral. Alguns momentos podem até despertar um ânimo, já que existem algumas cenas de combate imersivas, mostrando a relação doentia do homem com a máquina. Sem muitas possibilidades após a conclusão, será difícil haver alguma sequência. Se bem que a Netflix tem se esforçado para inserir animes originais que agradem o público Otaku, por esse motivo, tudo ficará por conta da repercussão gerada.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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