Para os fãs de histórias curtas em volume único (one-shot), o enredo criado pelo fundador da Marvel Studios, Avi Arad, tem um nível de maturidade dificilmente encontrado no mercado. Já o roteiro ficou nas mãos do grande Junichi Fujisaku, responsável pelo filme de XXX Holic (CLAMP) e do anime “Ghost in the Shell: Stand Alone Complex“. Ainda que a Editora JBC invista apenas em mangás, a iniciativa de sempre buscar novidades derivadas da cultura japonesa trouxe esse material, que mistura muito o mundo das HQs com os mangás. Uma coisa que não se vê todo dia, não é mesmo? Acredite, a história também vai por esse caminho.
Ash J. Wright, um detetive bastante popular pela solução de casos policiais foi condenado à pena de morte, acusado injustamente por um crime que não cometeu. Após ser executado na cadeira elétrica, nosso protagonista chega ao céu, prontamente recepcionado por Angel, um anjo diferente do que estamos acostumados a ver em outras histórias, onde irá auxiliar o falecido ao entender melhor o que poderá fazer em sua nova existência. Em busca da “purificação da alma”, Ash terá de ajudar os humanos que podem ser vítimas da mesma injustiça que ele foi alvo. Claro que não será tão simples fazer boas ações após guardar tanta raiva consigo, Ash é a personificação do anti-herói.
Para buscar uma definição curta para essa obra, seria: “Um mangá sombrio demais pra ser mangá”. Como aprofundar mais sobre um volume único pode ser perigoso para quem não deseja ler sobre spoilers, vamos falar sobre os personagens, pois estes receberam profundidade digna em pouco tempo de leitura. O rival de Ash é conhecido apenas por Wal, um verdadeiro psicopata que possui uma estranha ligação com a organização que se encarregou de incriminar Ash. Angel por sua vez, é representado por uma “mulher” forte, gótica, mas não tão badass quanto parecia a princípio, talvez o fato de ser um anjo tenha interferido. Ash, por último, mas não menos importante, é um tanto irritante por ser um mero protagonista cabeça dura, mas que aos poucos mostrará suas razões de ser tão rígido.
Ainda que se torne um tanto mórbido em alguns momentos, o esforço do israelense em usar tudo que aprendeu desde sua infância lendo quadrinhos até o dia em que se tornou presidente da Marvel Comics, e até a criação do Marvel Studios, o que envolve o cinema nessa experiência. É possível ler “The Innocent” e se imaginar vendo um filme de ação e suspense. Tantos detalhes em traços fez esse mangá ser maravilhoso até esteticamente falando. Com páginas internas coloridas, as 224 páginas são muito bem aproveitadas. Para fãs de “Death Note“, esse pode ser uma ótima alternativa de leitura.