Babygirl | Nicole Kidman entrega ousadia em intenso thriller erótico

Danilo de Oliveira
5 Min de Leitura
A24/Reprodução
4.5 Excelente
Critica - Babygirl

Dirigido por  Halina Reijn (Morte. Morte. Morte.), Babygirl chegou causando no Festival de Veneza e ganhando holofotes com a atuação intensa de Nicole Kidman, que levou o prêmio de Melhor Atriz no festival e chega bem nessa temporada de premiações em Hollywood.

O longa que também tem roteiro também assinado por Reijin, entrega uma narrativa envolvente, fugindo de estereótipos e abordando temas complexos com precisão cirúrgica.

Na trama, Romy (Nicole Kidman) é uma CEO reconhecida globalmente, exemplo para milhares de mulheres. Casada há 19 anos com Jacob (Antonio Banderas), ela é mãe de duas filhas e nunca abriu mão de sua carreira, conquistando respeito em sua profissão.

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Em um dia comum, Romy presencia um jovem (Harris Dickinson) domando um cachorro bravo na rua. Horas depois, ela descobre que o rapaz, Samuel, é um dos novos estagiários de sua empresa. Durante uma apresentação, Samuel faz uma pergunta que desafia Romy publicamente. Apesar de repreendido e retirado da sala, ele chama a atenção da CEO, que passa a ser sua mentora direta.

Paralelamente, o casamento de Romy e Jacob está em uma rotina fria. As relações íntimas são previsíveis, sem paixão, e ela recorre a filmes adultos amadores para despertar seus desejos. Mesmo tentando inovar, Jacob se mantém tímido e distante, agravando o distanciamento entre os dois.

A figura de Samuel, com sua postura desafiadora e indiferença às hierarquias, intriga Romy. O interesse dela começa a crescer quando, durante uma festa da empresa, uma gravata perdida do jovem desperta seus primeiros impulsos por ele.

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A questão que surge é: quanto tempo levará para ambos cederem à atração? Samuel, desrespeitando barreiras profissionais, deseja Romy tanto quanto ela o deseja. As reuniões semanais entre os dois tornam o desejo cada vez mais evidente, levando-os a ignorar valores morais em prol de uma relação movida pelo prazer.

Conforme o relacionamento avança, Romy descobre uma nova faceta de si mesma. A CEO poderosa se transforma em uma mulher vulnerável, submissa aos caprichos do jovem. Esse papel, que ela antes via apenas em conteúdos online, é agora vivido intensamente, longe do casamento tradicional e sem compartilhar essas descobertas com Jacob.

O enredo que aparentemente parece uma simples história de adultério com tons eróticos a lá 50 Tons de Cinzas, se desdobra e foge completamente desse esteriótipo ao explorar uma mulher de sucesso que cede à submissão em busca de satisfação pessoal. É inegável a provocativa do roteiro, mostrando a mulher poderosa no trabalho que gosta de ser feita de cachorrinha (até literalmente) na cama, e Reijn brinca com o conceito de maneira esperta, principalmente ao enredar Esme (Sophie Wilde), assistente de Romy, na história. No arquétipo do feminismo contemporâneo da girl boss que precisa “ser exemplo para mulheres no mundo todo”, que espaço sobra para o fetiche como satisfação psicológica e sexual, por mais politicamente incorreto que ele seja?

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Nicole Kidman brilha ao dar vida a uma CEO fria e imponente, mas também a uma mulher sensual aos 60 anos, quebrando estereótipos de Hollywood, assim como fez Demi Moore no recente A Substância. Sua transição entre o papel de líder poderosa e alguém consumida por desejos secretos é um dos pontos altos do filme. Harris Dickinson, por outro lado, interpreta Samuel sem explorar seu corpo como atrativo principal, permitindo que Nicole roube os holofotes.

Já Antonio Banderas que deveras fez muitos galãs e conquistadores, surpreende no papel de Jacob, um marido distante que embora dedicado figura o “corno manso”. Mesmo com sua frieza, é difícil não sentir empatia por ele, que apenas reflete a normalidade de um casamento de décadas.

Embora algumas cenas possam ser desconfortáveis, elas fazem total sentido para a trama, mostrando como a excitação mútua se torna o motor da relação entre Romy e Samuel.

No fim, Babygirl explora as consequências de desejos reprimidos. É ousado, intrigante, mas longe de ser apenas um thriller de sexo, já que o foco da narrativa aqui é falar é sobre pessoas e relações que se constroem e desconstroem através dele.

Critica - Babygirl
Excelente 4.5
Nota Cinesia 4.5 de 5
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