O que seriam de nossas tardes tediosas se não tivéssemos às vezes uma comédia pastelão para nos distrair? Aquele filme que não prende, permitindo que a gente relaxe a mente, não se preocupando em perder cenas já que o enredo não importa tanto quanto as cenas de ação e comédia que preenchem toda a trama. Pois assim é As Trapaceiras (no original, The Hustle), um filme dirigido por Chris Addison, protagonizado por Anne Hathaway e Rebel Wilson, duas veteranas na comédia que aqui entregam um pouco mais do mesmo.
A história se passa na cidade de Beaumont-sur-Mer, na Riviera Francesa, quando duas trapaceiras se conhecem, ao reconhecer as habilidades de farsantes na outra, e ali inicia-se um disputa territorial, por um lugar repleto de figurões ricos e fáceis de serem enganados. Entre ambas desenvolve-se uma relação de mentor e aprendiz, quando a Penny (Rebel Wilson) tenta aprimorar-se na arte da enganação ao associar-se à Josephine (Anne Hathaway), que a princípio só aceita a aprendiz visando tê-la sob seu acurado olhar e, assim, conseguir mandá-la para bem longe de seus domínios.
Uma comédia simplória, com poucas piadas que funcionam, um humor mais simples e uma história pouco crível. Algumas piadas até soam ofensivas, com a história girando em torno de uma superficialidade de aparências bastante cansativa. A personagem da Rebel Wilson, como na maioria dos papéis que a atriz tem interpretado, é colocado como a pessoa fora dos padrões estéticos, um tanto repulsiva, deslocada socialmente, inconveniente e patética. Um corpo atrelado as aspectos psicológicos de forma até cruel em alguns pontos da trama. Quando vemos filmes que avançam nesse movimento de aprofundamento dos debates sociais e desconstruções dos padrões, surgem outros, com o As Trapaceiras, que caminha na contramão.
Apesar de tudo é uma comédia que, se vista sob uma perspectiva distanciada, pode entreter em um momento em que só queremos algo fácil para assistir e nada para nos preocupar.