Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore traz um norte a franquia derivada

Danilo de Oliveira
8 Min de Leitura
Warner Bros./Reprodução

É chover no molhado dizer que Harry Potter é um dos universos mais ricos e populares da cultura pop atualmente. A saga criada por J.K Rowling cativou um numero sem igual de fãs nos livros e se expandiu com suas adaptações cinematográficas, tornando uma das IP mais rentáveis da Warner Bros.

Era obvio que o estúdio iria revisitar o universo magico para explorar história derivadas, já que o material tem potencial para isso e claro por questões lucrativas (money, muito money). Com a autora a frente do roteiro a escolhida foi Animais Fantásticos que trazia Newt Scamander em sua jornada de buscar e catalogar criaturas magicas e servindo de base para desenhar a guerra bruxa de Dumbledore e Grinderwald.

Animais Fantásticos e Onde Habitam trazia um agradável ar de nostalgia de voltar ao universo magico e funcionava bem dentro do proposito de seu titulo, tendo uma pequena mudança de tom no seu ultimo ato. Já o segundo Os Crimes de Grindewald traz uma trama que se desenvolve, desenvolve mas que não tem um clímax e deixa um gancho sacana. Vendo essa baixa recepção que o longa teve, a Warner Bros. trouxe o roteirista Steve Kloves (roteirista da franquia Harry Potter) para juntamente com Rowling dar um norte para a franquia derivada.

Warner Bros./Reprodução

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore se mostra como uma bussola para a nova franquia depois dos seus antecessores, sendo mais bem resolvido e com o melhor desenvolvimento da história. Ele ainda sofre com problemas em seu tom e, principalmente, com a escolha de prolongar a saga Animais Fantásticos para além do necessário, mas é uma evolução e tanto se pensar dos problemas que a saga tem enfrentado nos últimos anos.

Na nova aventura o professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movendo para assumir o controle do mundo bruxo. Incapaz de detê-lo sozinho, ele confia no magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma equipe intrépida de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa. Em uma missão perigosa, eles encontram novas e velhas feras. E entram em confronto com a legião crescente de seguidores de Grindelwald. Mas com as apostas tão altas, por quanto tempo Dumbledore pode permanecer à margem do conflito?

Como eu mencionei acima, o roteiro aqui dessa vez tem um desenvolvimento mais direto quanto ao um conflito e sua resolução. Um dos grandes acertos da trama está em se ambientar nos anos 30. A tensão politica da época é assertiva para aplicar o comentário e essa tensão no longa a partir do culto a personalidade do Grindewald, como ele vende essas ideias extremistas e conquista cada vez mais seguidores. Isso pode ser colocado a qualquer regime autoritário do período já que o argumento não é desenvolvido sobre um ponto de vista histórico, mas a analogia é bem feita e casa até com questões atuais.

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Jude Law e Mads Mikkelsen são outro grande destaque de Os Segredos de Dumbledore. O primeiro ganha um aprofundamento em sua história assim como o titulo do novo longa se propõe e Law realmente confere imponência ao papel do futuro diretor de Hogwarts. Já Mikkelsen substitui Johnny Depp no papel do vilão e parece que já estava na franquia desde do inicio, tamanho charme e presença sombria que confere ao personagem. Existe diferenças entre as atuações e é acertada a escolha do ator em não repetir e definir seu estilo de atuação ao vilão.

Como citado anteriormente na sinopse, Newt Scamander é convocado por Dumbledore para ajudar na batalha contra Grindelwald ao lado de um grupo formado por Theseus Scamander (Callum Turner), Bunty (Victoria Yeates), Eulalie Hicks (Jessica Williams), Yusuf Kama (William Nadylam) e Jacob Kowalski (Dan Fogler). Esse grupo rendem os momentos da aventura da trama, relacionados à sua missão e à presença de antigos e novos animais fantásticos na produção.

O problema é que essa parte apesar de movimentar a trama fica parecendo um tanto deslocada, e como um filler tiram o foco do principal e mais interessante arco dessa franquia: a guerra bruxa, e o eminente confronto entre Dumbledore e Grindewald. É divertido e fofo os momentos com as criaturas e dá um ar nostálgico, mas o titulo Animais Fantásticos já não combina aqui, tamanho a tensão pelo conflito vai se desenhando. O filme por vários momentos tentar dar o verdadeiro protagonismo para o Dumbledore mas esse o rejeita em todas, deixando o fardo sobre o pobre Newt, que apesar da boa atuação do Eddie Redmayne, já não lhe pertence tal titulo.

Warner Bros./Reprodução

Com essa interminável preparação para batalha que desde do segundo longa se desenvolve, muitos arcos parecem só estar ali porque a roteirista desejou. Personagens como o Creedence que parecia ter uma importância no final do longa anterior, acaba sendo relegados a uma simples nota de rodapé, se tornando o personagem em algo bem unidimensional. Os personagens Jacob e Quennie, apesar do Dan Fogler ser uma carisma que só, quase que fica sem utilidade e a Alison Sudol tem um arco sofrível.

Na parte técnica, o trabalho de design das criaturas é um show e juntamente com os efeitos especiais em sua maior parte mostram que a marca Harry Potter tem um cuidado nesse aspecto. A trilha sonora de James Newton Howard é ótima e trazendo temas da franquia anterior faz os fãs viajarem no tempo. David Yates veterano na franquia, dirige a toque de caixa mais um exemplar dela.

Não posso deixar de mencionar a participação da atriz brasileira Maria Fernanda Cândido, que interpreta Vicência Santos, a Ministra da Magia do Brasil e uma das candidatas ao cargo principal na Confederação Internacional de Bruxos contra Liu Tao (Dave Wong).

Warner Bros./Reprodução

Ela aparece pouco, mas é uma personagem importante na conclusão da trama, que provavelmente terá um papel ainda mais importante nos próximos filmes, assim espero!

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore é sem duvida é o melhor filme da nova franquia até então. Com um roteiro mais direto e uma narrativa mais urgente, o filme até sofre um pouco por sua preparação demasiada para o conflito maior, mas ele ao menos se redime da bagunça que foi seu longa anterior e começa a trazer um norte para a franquia. Agora esperar se os dois próximos vão realmente deslanchar de vez!

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