Em um mundo distópico, onde a destruição da humanidade vêm não apenas da revolta da natureza, mas também do governo corrupto, o estudante Arthur tenta encontrar respostas sobre o porquê de estar vivendo aquela vida. Seus questionamentos acabam o levando para o Calabouço, a casa noturna onde aquele que se intitula o Profeta falará sobre o novo mundo e seu deus, Amaimon.
Amaimon é o primeiro livro de Lucas Barbosa e trás uma nova e intrigante trama distópica para esse mar de livros distópicos que ainda não cansou os leitores. Esse livro é daqueles que usa da ficção para se aproximar – e até mesmo explicar -, o mundo real e nossa situação atual. O fato do autor estudar ciências políticas ajuda muito, mas algumas vezes atrapalha também.
Meu maior incômodo ao ler Amaimon foi a forma como seus personagens são apresentados, principalmente Arthur, o protagonista. A medida que a história vai sendo contada, os pensamentos e as ações de Arthur vão nos contando quem ele é. Isso é legal, isso é ok. Porém o autor peca pelo excesso, principalmente quando tenta nos convencer sem parar que o jovem é bastante observador e questiona, para si mesmo, qualquer coisa que encontra na rua. A história é narrada por Arthur, então acabamos lidando com isso o tempo inteiro.
A história tem muitos personagens, o suficiente para você separar aqueles que ama, os que não sabe muito bem o que achar e os que odeia com todas as forças. Ter um personagem – um herói -, inteligente e observador não é um pecado, na maioria da histórias é na verdade o que conduz toda a trama. No entanto, a verdade é que os leitores não querem encontrar descaradamente tantas evidências do que o autor está querendo que achemos de seu personagem. Queremos ser iludidos, para segundos depois sermos pegos de surpresa.
A contribuição que os estudos em ciências políticas do autor tiveram na construção da história fica claro, mas parece atrapalhar ao mesmo tempo. A sensação é que ele usou bastante tempo construindo essa teia política-corrupta que nos instiga a querer saber mais e mais da história. Deixando a construção dos personagens para ser feita nos intervalos e sem uma revisão final. É como se o livro fosse um bom prato de macarronada, mas precisasse de mais uns dois minutinhos no fogo.
Apesar disso, é um autor que, evidentemente, tem muito potencial. Ele não tem pressa em nos contar sua história e Amaimon vai te envolvendo página por página em sua trama. Apesar dos já citados incômodos, a história é interessante e é um que um livro que não merece passar despercebido.