Alien: Romulus | Fede Alvarez resgata a franquia com filme tenso, claustrofóbico e insano

Danilo de Oliveira
8 Min de Leitura
20th Century Studios/Reprodução
5 Perfeito
Crítica - Alien: Romulus

Lançado em 1979, Alien: O Oitavo Passageiro se transformou rapidamente no clássico absoluto do cinema, trazendo uma ficção cientifica com altas doses de terror claustrofóbico e uma criatura marcante. Não demorou muito, o longa virou uma franquia com uma sequencia aclamada feita por James “Avatar” Cameron intitulada Alien: O Resgate, além de outras não tão bem feitas com Alien 3 e Alien: Ressurreição, dois crossover com o Predador em Alien VS Predador e Alien VS Predador: Requiem e claro dois prequel bem controversos Prometheus e Alien: Convenant.

Com a venda da Fox para a Disney ficou a duvida do que a empresa do ratinho iria fazer com a saga do alienígena mais babão e mortal da cultura pop. Surgiram varias ideias de projetos nos últimos anos como uma sequencia dirigida por Neil Blomkamp (Distrito 9) que traria novamente a Ripley de Sigourney Weaver a foco, mas que foi descartada. O projeto de uma série de TV para o canal FX saiu do papel e está em desenvolvimento, mas eis que Alien: Romulus é o novo projeto para cinemas a trazer a franquia de volta para um nova leva de fãs, mas sem esquecer os antigos, além de resgatar a gloria e o terror que marcaram ela em um dos melhores filmes do ano!

Alien: Romulus segue um grupo de jovens de uma colônia espacial que se aventuram nas profundezas de uma estação abandonada. Lá, eles descobrem uma forma de vida aterrorizante, e são forçados a lutar por sua sobrevivência.

20th Century Studios/Reprodução

A exemplo da franquia Predador, que também já não conseguia entregar projetos relevantes nos últimos anos, mas ganhou um respiro incrível em seu ultimo projeto ( e curiosamente o primeiro na Disney) com Predador: A Caçada, Romulus segue uma tendencia bem semelhante. O diretor Fede Alvarez opta por trazer uma história bem mais fechadinha e própria, mas que sabe explorar elementos conhecidos da saga de vários filmes e trazer de forma eficaz para uma experiência tensa e de tirar o fôlego.

O filme começa lentamente, apresentando os personagens e a trama, mas cresce conforme eles começam a lutar por sua sobrevivência na estação abandonada. É aqui que Romulus cria seus melhores, e mais horripilantes momentos, com a construção da tensão e adrenalina pura quando eles são perseguidos que se faz sufocante. Isso chega ao ápice num ato final insano que conta com cenas de tirar o fôlego – como um dos mais corajosos e inesperados momentos da franquia.

Nos últimos anos, criou-se um mito de que ficções precisam ser de difícil compreensão, o que acaba levando a um afastamento por parte do grande público e tornando esse gênero um tanto que nichado. Sabendo disso, a equipe criativa tratou de trazer um roteiro bem didático, que acaba funcionando perfeitamente com o dinamismo da direção de Álvarez. Essa decisão faz com que a experiência de assistir Romulus seja boa tanto para os fãs da franquia quanto para aqueles que jamais viram um capítulo sequer da saga.

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Esse didatismo por incrível que pareça, não soa em nenhum momento um problema, já que ele faz com que elementos mais complexos da franquia, apresentadas em outros longas de forma complexa, em algo incrivelmente entendível e descomplicado para o publico geral, sem querer fazer o mesmo de burro.

O diretor se mostra uma escolha acertada por trazer um retorno da série ao terror, mas unir a adrenalina do segundo e a ficção cientifica de Prometheus e Convenant e até Ressurreição (e também alguns momentos o game Alien:Isolation), mas mantendo uma narrativa coesa própria, nunca usando os elementos nostálgicos como um simples fanservice. Alvarez é inteligente em utilizar elementos de seus trabalhos anteriores para compor e criar a experiencia de Romulus e a torná-la em algo insano e sufocante! Ele aproveita características por exemplo de O Homem nas Trevas com os protagonistas invadindo uma nave abandonada e encontrando uma ameaça aterrorizante, assim como body horror e a violência a lá Evil Dead para compor as mortes bem criativas e sangrentas que são feitas pelo xenomorfo.

Outro ponto fascinante é que a tripulação da Romulus foge do padrão de cientistas arrogantes da saga. Dessa vez, acompanhamos um grupo de jovens escravizados por um sistema regido por megascorporacoes em busca de uma tecnologia presente nesta espaçonave abandonada que eles enxergam a oportunidade de mudar de vida e finalmente conquistar um lugar ao sol em um novo planeta. O que você estaria disposta a sacrificar para mudar suas condições de vida? É partindo dessa premissa que vemos a história do grupo formado por Rain (Cailee Spaeny), Andy (David Jonsson), Tyler (Archie Renaux), Kay (Isabela Merced), Bjorn (Spike Fearn) e Navarro (Aileen Wu) se misturar ao dos Xenomorfos.

20th Century Studios/Reprodução

A relação entre Rain e o androide Andy, que são bem próximos e quase irmãos, é o coração do filme. David Jonsson é o destaque pela complexidade de seu personagem em descobrir seu propósito, alternando entre o lado empático e sinistro. Cailee Spaeny também se destaca na construção de sua heroína que resgata alguns semblantes de Ellen Ripley (Sigourney Weaver), mas a conduz de jeitos diferentes. Ela é durona quando precisa, mas uma jovem preocupada com seu irmão na maior parte do tempo. Ela faz o que for preciso para sobreviver, só que sem perder seu lado humano. Enquanto os outros atores encaixam bem em suas funções na equipe.

Outro ponto a destacar é o trabalho técnico, principalmente no uso de efeitos práticos! A construção do Xenomorfo é uma mistura visualmente brilhante de animatrônicos com correções em CGI. Já os clássicos e asquerosos Facehuggers são muito bem explorados para gerar boas cenas de ação feitas em combinação de computação gráfica e animatrônicos. Com isso , a direção de Alvarez cria alguns dos momentos mais assustadores na franquia – com a ajuda da cinematografia de Galo Olivares e todo o trabalho sonoro influencia nessa construção enervante ao longo das quase 2 horas de filme.

Pra finalizar, Alien: Romulus traz de volta o terror do primeiro filme, unindo a ação cheia de adrenalina do segundo e a ficção cientifica de outros filmes da franquia, mas sustentada em uma história independente, insana e cheia de tensão , fazendo dele facilmente uma das melhores experiências da saga e do cinema em 2024.

Crítica - Alien: Romulus
Perfeito 5
Nota Cinesia 5 de 5
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