Desde seu anuncio, Agatha Desde de Sempre (que teve inúmeros nomes durante sua produção) foi colocado como a série que ninguém pediu para a Marvel Studios
Em primeiro lugar, por mais carismática e deliciosamente dissimulada que fosse, a feiticeira roxa apresentada em WandaVision (2021) não estava exatamente na lista de prioridades nem mesmo do mais fervoroso fã da Marvel quando se trata de ganhar uma trama própria.
Porém nessa maré de incertezas que está o MCU pós Ultimato, a série mostra a empresa o qual o formato perfeito para as produções no serviço de streaming do ratinho trilhar, sendo um dos acertos mais inesperados do MCU recente.
Situada anos após os eventos da produção original, a trama acompanha Agatha Harkness (Kathryn Hahn) ainda sob o feitiço de Wanda (Elizabeth Olsen) na pequena Westview. A jornada da bruxa muda quando acontecimentos inusitados e um misterioso jovem (Joe Locke) colocam a feiticeira púrpura de volta aos eixos, mas não sem antes passar por um perigoso caminho na busca de restaurar seu poder.
O grande acerto do roteiro da série, é ao contrario de muitas produções do MCU no Disney+ que aposta em ser um “filme dividido em 6 partes” para se comportar como uma série de TV propriamente idealizada. O roteiro em formato episodico, apesar de trazer continuidade entre si, parece mas bem montado e as provações que Agatha e seu coven passam durante o caminho ajudam a formatar bem essa estrutura, trazendo inúmeras referencias ao universo de bruxas na cultura pop e cenas que nunca imaginávamos aparecer no MCU.
Ao longo de toda a série, você se verá torcendo, odiando amar, amando odiar, mas nunca impassível às traquinagens da protagonista. De certa forma, é interessante ver a Marvel arriscar com uma personagem que deixa bastante turva a régua entre bem e mal.
Kathryn Hahn estabelece uma gostosa dinâmica com Joe Locke, como mestre e aprendiz, mas com as deliciosas e impagáveis picuinhas e alfinetadas da feiticeira em seu protegido. No seu segundo papel de destaque, após o sucesso de Heartstopper, o ator se revela uma interessante promessa, trafegando com êxito na montanha-russa de emoções trazida pelo arco do “Jovem”.
Além disso, Agatha encontra companheiras em Sasheer Zamata, Ali Ahn e as lendárias Patti LuPone e Debra Jo Rupp, além da presença magnética de Aubrey Plaza.
LuPone entrega uma performance, ao mesmo tempo, delicada, divertida e tocante, e Sasheer Zamata, que traz uma bem-vinda dose de comédia à mistura.
Já Aubrey Plaza rouba a cena ao empregar uma persona perigosamente ameaçadora, enigmática e até sensual à misteriosa Rio Vidal, numa química inflamável com Kathryn Hahn.
Apesar da sua parte final, apresentar certas estruturas já vista na maioria das séries da Marvel, com batalhas repletas de efeitos e preparar terreno para certas introdução para o futuro do MCU, aqui as coisas são mais contidas por novamente, a showrunner se mostrar mais propicia a sua história e não somente ao futuro como aconteceu com muitas produções das fases 4 e 5 da empresa.
No final, Agatha Desde de Sempre, mostra para Marvel um norte de como conduzir suas produções na TV, mostrando que uma boa história é tão ou mais importante do que um espetáculo de ação e efeitos visuais. De renegada para uma agradável surpresa, foi Agatha e mais ninguém!