Filmes de vampiros são algo que volta e meia estão presente nos cinemas. Se em 2023 tivemos Renfield e Dracula: A Ultima Viagem do Demeter (ambas releituras de Dracula) em 2024 além do esperado Nosferatu de Robert Eggers, chega Abigail, novo projeto dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, realizadores do aclamado Casamento Sangrento de 2019 e dos dois últimos filmes da franquia Pânico (5 e 6). O novo projeto da dupla entrega o que se espera deles: uma história de terror com altas doses de gore e violência, mas também uma diversão despretensiosa.
Na trama, um grupo de criminosos desconhecidos (Melissa Barrera, Dan Stevens, Kathryn Newton, William Catlett, Kevin Durand e Angus Cloud) é contratado para raptar a filha de um magnata em troca de um resgate no valor de 50 milhões de dólares. Apesar do sequestro dar certo, logo o grupo percebe que não estão fazendo refém uma criança como outra qualquer. Durante a madrugada, eles começam a perceber que existe algo de errado com a operação. Quando Abigail (Alisha Weir) se solta das algemas, ela começa seu jogo de gato e rato com suas presas.
Abigail surgiu inicialmente como um projeto misterioso, em parceria da Radio Silence com a Universal Pictures, num processo de remontar os ‘monstros clássicos’ (lobisomem, múmia, vampiro etc) do estúdio centenário. Contudo o choque de agenda dos envolvidos e mudanças criativas, a ideia inicial foi abandonada e se gerou uma trama original.
O roteiro escrito pela dupla Stephen Shields e Guy Busick é simples e não perde tempo em estabelecer sua premissa e seus personagens. Mesmo com a ideia do sequestro da protagonista titulo ser um ponto de subversão para o momento que ela se revela a caçadora em vez da presa, o filme não esconde sua previsibilidade, e com sagacidade se utiliza disso pra criar momentos frenéticos, recheado de gore e com varias piadas tendo referencias ao universo dos vampiros na cultura pop.
A direção da dupla de diretores é outro ponto que ajuda o filme em sua previsibilidade e o tornar em algo despretensioso e divertido no seu banho de sangue. Os planos aberto mostrando a mansão e os corte minuciosos nos momentos de tensão mostram todo o conhecimento dos diretores em conduzir seu projeto e em nenhum momento deseja ser mais que as próprias pernas.
O único ponto negativo está no seu terceiro ato, onde o filme tenta criar uma reviravolta apressada que parece não condizer com tudo o que foi construído até ali.
Tenho que destacar também aqui o trabalho de efeitos e maquiagem. O gore utiliza uma dose alta de sangue cenográfico e todos os corpos e desmembramentos tem um uso incrível de efeitos práticos e próteses.
O elenco está na onda do filme e entregam bem seus personagens dentro dos seus esteriótipos. O destaque mesmo está nas atuações de Alisha Weir como Abigail e Melissa Barrera como a Joey. A primeira com muita fisicalidade e versatilidade como a antagonista, posando como uma inocente criança que, na verdade, é ardilosa em todos os aspectos. É impressionante! Já Barrera mais uma vez se consolida o status de nova “Screen Queen” dando personalidade necessária para sua personagem.
Dan Stevens como o corrupto policial Frank em uma de suas melhores atuações – e dando vida a um antagonista odioso e que auxilia na construção do ritmo e das reviravoltas. Giancarlo Esposito, apesar de não ter tanto tempo de cena, é uma boa adição ao elenco, mantendo escondido as verdadeiras intenções até o seu ultimo ato, enquanto Kathryn Newton e Kevin Durand desfrutam da comicidade com seus Sammy e Peter, respectivamente, o que gera uma das cenas mais divertidas do filme. O falecido Angus Cloud, aparece bem pouco como um viciado de fala arrastada que vira um estorvo para o grupo. Apesar do pouco tempo, seu jeito cinico e na dele cria um misto de raiva e comicidade a ele.
Pra finalizar, Abigail é uma grata surpresa ao terror nesse primeiro semestre de 2024 por entregar o que cumpre: vampiros, bailarina, diversão e muito sangue!