A Última Noite | Com um ar de roteiro conhecido, o filme entrega belas atuações em um drama tragicômico

Priscila Dórea
5 Min de Leitura
Copyright capelight pictures / Robert Viglasky / Reprodução

Uma família está se preparando para receber amigos e familiares em um banquete de Natal. Porém, esse encontro não será como os dos anos anteriores já que a eminente destruição da humanidade está chegando em sua porta. Eles resolvem comemorar sua última noite juntos até o derradeiro momento em que não estarão mais vivos para viver o dia seguinte. Seja pelo mal que está abatendo todos os humanos dolorosamente ou por conta própria.

A Última Noite começa com um mistério que é exclusivo de quem está assistindo. Os personagens sabem – quase tudo – o que está prestes a acontecer e isso, a principio, deixa o filme um pouco confuso e até mesmo lento. É aquele tipo de história que começa em um ponto especifico da vida dos personagens e só temos informações sobre o que os levou até ali em diálogos e interações entre as pessoas.

É um roteiro amarrado criado pela Camille Griffin, que também dirige o longa, e solta pequenas características dos personagens aqui e ali para que possamos criar nossa imagem deles aos poucos, mostrando lentamente a personalidade única de cada um e como funciona a dinâmica entre eles, usando e abusando do clima nostálgico comumente criado em encontros de Natal para entregar isso da forma mais natural possível.

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A história como um todo tem esse ar de “já assisti isso antes” – é meio uma mistura de Melancolia (Lars von Trier, 2011) e O Nevoeiro (Frank Darabont, 2008) -, mas tem algumas passagens muitos características, que não só tornam o filme notável, mas também mostram o quanto a Camille Griffin pode trazer mais produções interessantes.

Porém, há algo ase pensar sobre o resultado final do filme: vivemos uma época em que acreditar na ciência salvou e têm salvado muitas e muitas vidas, mas o filme nos faz questionar não apenas até onde a ciência consegue ir para nos dar as melhores respostas, mas também até que ponto estamos dispostos a confiar a nossa vida e futuro seguindo os conselhos de cientistas. E quando pensamos sobre essa mensagem passada pelo filme e o que estamos vivendo agora, é até mesmo questionável a real mensagem que sua diretora e roteirista está querendo passar.

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No mais, grande parte das atuações são interessantes, elas são a força motriz do filme, já que tudo no filme é sobre o motivo dos personagens estarem ali e como eles estão levando – ou fingindo levar -, o fato de que aquela será a última noite deles no mundo, seja por escolha própria ou pela devastação dolorosa que está por vir.

Mas o personagem mais notável, sem sombra de dúvida, é o Art, feito pelo Roman Griffin Davis, que podemos chamar de “O do contra” da história. Ele demonstra mais uma vez o quão bom ator é com tão pouca idade, nos mostrando que sua ótima atuação em Jojo Rabbit (Taika Waititi, 2019) não foi coisa de uma vez só e que o que vier a partir disso promete continuar sendo bom de assistir. Vale mencionar também a atuação sempre bem vinda da Keira Knightley no papel de Nell, mãe de Art, que sempre encanta com as expressões exageradas que conseguem ser muito criveis.

A Última Noite é um filme de Natal que não segue aquela linha fofinha, nem o terror sangrento dos bichos papões natalinos. Ele entretém, nos deixa curiosos e ainda passa uma mensagem. Se essa mensagem é positiva ou negativa dado o momento pandêmico que estamos passando, fica ao critério de quem assiste. Camille Griffin consegue nos segurar pela curiosidade e todo o caos tragicômico, e pelo fato dela conseguir tal feito, já vale a pena assistir.

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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