Um zum zum zum se instalou no meu Twitter e em alguns grupos do meu Facebook. Várias pessoas estavam falando sobre esse conto e eu, como uma boa amante de coisas grátis, não poderia perder a oportunidade de baixar “A rota que me levou a você” de Lorrane Fortunato.
A escritora é uma graduanda em Letras – Espanhol da região serrana do Rio de Janeiro que “Tem a convicção de que em suas veias corre o amor pelos livros”, como ela mesma se descreve no seu blog “Dreams & Books”. De acordo com a escritora, o conto surgiu quando ela disse à amiga que poderia escrever uma história de amor com origem em qualquer lugar, a amiga, por sua vez, a desafiou a escrever um conto em que a pessoa pegasse o ônibus errado. “(…) aproveitei e me inspirei numa situação que vivi: um dia estava lendo na rodoviária da minha cidade e entrei num ônibus sem nem olhar a placa. Sentei, fiquei lendo e quando percebi, estava num lugar desconhecido. Me apavorei, mas deu certo. Voltei pra rodoviária e cheguei em casa em segurança. E assim nasceu esse conto” disse na entrevista que fiz com ela.
O primeiro conto de Lorrane a ser publicado é bem simples e conta a história de Maria, uma jovem como qualquer outra (de verdade, não as de fanfics) que encontra um amor em uma situação cotidiana, sem grandes conflitos, sem personagens complexos, sem construções frasais incomuns. Poderia passar batido com outros contos e livros de romance, mas a importância dele é outra. “Nunca é demais dizer: representatividade importa! Nós negros não aguentamos mais ser apenas os empregados, os bandidos, os escravos ou meros objetos sexuais”, diz a autora.
“Queremos histórias com protagonistas negros, diversas histórias, diversos gêneros, histórias inovadoras e clichês, tantas histórias que não conseguiremos contar! Estamos fartos de poder contar nos dedos quantas histórias com protagonismo negro sem estereótipos temos. Foi pensando em tudo isso que decidi escrever uma história de amor com protagonistas negros. Acredito que é extremamente importante”. Não há como negar que a experiência de vida das pessoas negras é racializada, mas a escritora consegue desfazer preconceitos através de atividades rotineiras, como prender o cabelo, e essa sutileza pra mim é muito bonita e combina bastante com o conto, que tem uma atmosfera mais leve e despreocupada.
No trajeto da sua casa pra faculdade/trabalho dá pra ler “A rota que me levou a você” e ainda ficar pensando um pouquinho sobre ele.
Caso goste do conto vão aqui três dicas de inspirações da autora:
– Cinderella (1997)
– Entre três mundos – Lavínia Rocha
E mesmo que você não goste muito de histórias românticas, não custa nada (literalmente) dar uma chance pra história de Maria e ficar por dentro de escritores que estão contribuindo com a literatura fora de grandes editoras e redefinindo padrões.