‘A Queda de Gondolin’, o último conto perdido de Tolkien, destaca amplitude do refúgio élfico

João Fagundes
5 Min de Leitura

O último dos três “Grandes Contos Perdidos” do legendário de J.R.R.Tolkien narra a jornada de Tuor rumo à cidade secreta de Gondolin, refúgio élfico do povo do Rei Turgon, criado em segredo na Primeira Era, popularmente chamada de ‘Gondolin, A Rocha Oculta’. Contra a bela cidade, levanta-se Morgoth, o Inimigo Sombrio, acompanhado com seu exército de seres perversos. “A Queda de Gondolin” foi uma das histórias-base para que o autor começasse sua explanação sobre a Terra-Média (“The History of Middle-earth” série de livros em 12 volumes). O lançamento chegou em setembro no Brasil pela Editora HarperCollins, no mesmo dia que nos demais países,  sendo um dos livros mais aguardados do ano.

A história de “A Queda de Gondolin” começou a ser escrita em 1916 e agora ganha vida graças ao trabalho editorial de Christopher Tolkien, filho e executor legal das obras de Tolkien. Dessa forma cumprem-se duas sinas: a dos Elfos noldor na Primeira Era do mundo e a do autor, ao conseguir publicar individualmente os três Grandes Contos dos Dias Antigos. O mais valioso na obra foi encontrar uma ponte para cada citação e trechos de “Esboço da Mitologia” e “Quenta Noldorinwa“, “segunda” versão de “Silmarillion“, escrita em 1930, com direito a conclusões sobre ambas as obras e teorias que nos deixarão até o fim da leitura com várias impressões.

Como Gondolin foi atacada pelas hostes de Morgoth (balrogs, orcs e lobos etc.), e muito sofrimento remetem as histórias daquele ataque. Muito do que aconteceu ali é relatado em “A Queda de Gondolin“: o combate de Ecthelion da Fonte e Gothmog, rei dos balrogs, do combate de Turgon e sua Casa na Torre, até que por fim ela iria ruir. Felizmente alguns elfos conseguiram escapar de Gondolin, principalmente pelos caminhos secretos preparados por Idril. Entre eles Eärendil, filho de Tuor e Idril, personagens importantes para a trama, que mais tarde ostentaria uma Silmaril e iria para as Terras Imortais para pedir perdão pelos elfos e humanos.

Fechando a mitologia da Terra-média, A Queda de Gondolin, assim como “Beren e Lúthien” e “Os Filhos de Húrin“, foi ricamente ilustrada pelo renomado artista britânico Alan Lee, que retrata a fantasia de Tolkien há mais de 30 anos. As ilustrações recebem tanta importância ao receber breves notas sobre cada gravura, trazendo maior entendimento desse conto, o que de fato é curto em comparação as demais obras do autor, e por sorte não é pouco importante. A maior preocupação veio dos vários manuscritos dele para a mesma história e considerando a preocupação do filho ao explicar nesse lançamento a preocupação que havia em fazer uma verificação apurada de cada folha deixada por seu pai, seu esforço teve aproveitamento.

Sobre Christopher, fica claro que em alguns casos, ter esse livro lançado significou que ele tinha de elaborar material completamente novo, a fim de resolver as lacunas e inconsistências na narrativa, já que os escritos antigos de seu pai não teriam uma revisão tão apurada em seus rascunhos. Entretanto, ao trazer esse livro teremos em 288 páginas o conto original e a versão final com essa participação de co-autoria de Christopher, que fez o mesmo com os demais lançamentos póstumos, incluindo o próprio “Silmarillion“. Além de uma ajuda ideal com a “lista de nomes” e “termos obsoletos“, será uma viagem melhor para quem já conhece e ama a Terra-média.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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