O filme A Primeira Comunhão, se passa na Espanha, no ano de 1987 no povoado de Tarragona, para onde a jovem Sara (Carla Campra) precisou se mudar com a família, e ainda está em processo de adaptação ao lugar. Ela já tem uma melhor amiga em Tarragona, Rebe (Aina Quiñones) e um dia, após se divertirem em uma boate, encontram uma estranha boneca antiga vestida com um vestido de comunhão no caminho de volta para casa. E então a história começa.
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Um dos grandes fortes de A Primeira Comunhão é a ambientação criada no filme logo nos primeiros minutos. O roteiro não tem pressa e usa o tempo necessário para te deixar embarcar na cidade e nas personagens – as quais vamos conhecendo as histórias o suficiente para criarmos empatia com as suas diferentes personalidades e situações familiares. Isso é algo que é pouco feito dentro de filmes de terror se pensarmos bem, e é um pouco louvável que a direção e roteiro de Victor Garcia (A Amaldiçoada, 2013) se empenhe nisso mesmo com uma história base tão clichê.
As atuações de Carla Campra (Verônica: Jogo Sobrenatural, 2017) e de Aina Quiñones são realmente notáveis, e são as peças chave para criar um bom ambiente para a história. Especialmente quando o grande terror as ataca, pois é um tipo de “ataque” que dá sim um grande medo ao imaginarmos que aquilo aconteça com a gente. E essa possibilidade piora quando equiparamos esse “poder” da entidade da história com os relatos reais de pessoas que tem paralisia do sono – que não é exatamente o que acontece com os personagens do filme, mas parece ser uma inspiração.
No entanto, apesar dessas boas sequências, o filme peca mais que um pouco na história por trás da entidade que está assombrando essas pessoas.
Durante todos os 120 minutos de filme você fica juntando as peças para descobrir a motivação por trás do mal que está perseguindo os jovens. Junta uma coisa ali com outra aqui, e quando a história parece prestes a chegar a uma conclusão – inclusive, tem uma cena no poço que achei muito legal de assistir -, de repente o que parecia ser, não é mais… E tudo meio que se desmancha. A história por trás do grande terror não é explicada devidamente e o desfecho final só frustra mais, pois explica menos ainda.
O final do filme busca indicar que haverá uma continuação, mas só, literalmente, chateia quem está assistindo, porque coloca uma incógnita gigante numa história que ainda tinha muitos pontos abertos, com uma ambientação e personagens que estavam bem interessantes. E não estou falando de uma incógnita gigante com pontos abertos no estilo dos finais das primeiras temporadas da série Lost (2004-2010) que irritava e empolgava ao mesmo tempo. Em A Primeira Comunhão só frustra e irrita mesmo.
A Primeira Comunhão é o tipo de filme que podemos separar suas cenas e escolhas de roteiro em duas partes: coisas que outros filmes de terror poderiam usar como exemplo e coisas que estragaram o filme. Parece ter sido feito por duas pessoas diferentes que não conversaram durante o processo de montar a história. É um filme que vale pelo que acerta, mas que merece um aviso no poster: assista por sua conta e risco, a chance de causar frustração é grande.