Clint Eastwood, 88 anos, dono de uma carreira repleta de clássicos como Três Homens e Um Conflito, Os Imperdoáveis, Menina de Ouro entre tantos outros, realmente mostra que gosta de trabalha com cinema. Dito como seu ultimo trabalho atuando, o veterano faz de A Mula,seu assim dizer, despedida com o pé direito.
Baseado numa história real, que gerou o artigo do New York Times, “The Sinaloa Cartel´s 90-Year-Old Drug Mule”, escrito por Sam Dolnick, o filme apresenta Earl Stone, nonagenário que de uma hora para outra vê seu tão lucrativo negócio de flores ser jogado para escanteio com o advento das vendas online, e ir à falência. Se não bastasse isso, sua obsessão pelo trabalho acabou por afastá-lo da esposa e da filha – interpretadas respectivamente pela sumida veterana Dianne Wiest e Alison Eastwood, filha do cineasta na vida real.
Assim, isolado de todos que ama e sem poder focar no trabalho, tendo a confiança única de sua neta ( Taissa Farmiga), o idoso se encontra num beco sem saída. Suas obrigações financeiras e o casamento da neta o obrigam a procurar o caminho mais fácil, quando o abordam sobre a possibilidade de um trabalho como motorista – devido à suas habilidades atrás de um volante na estrada (Earl conhece todos os estados e nunca recebeu uma multa). Assim, Earl se torna a mula perfeita para um cartel de drogas mexicano. Afinal, quem desconfiaria de um simpático senhorzinho viajando com sua caminhonete através das estradas.
Eastwood como em alguns trabalhos antigos traz simplicidade a sua narrativa, e faz de seu protagonista um alicerce forte para ela, sendo um personagem que apesar de tentar fazer as coisas “certas” erra em suas atitudes e tenta remediar de alguma forma, embora ela própria não seja a correta. O diretor insere um humor bem peculiar trazendo alguns diálogos politicamente incorretos ganharem um tom bem descontraído proferido de um senhor que faz de suas “viagens” sua rotina casual.Ver o velhinho transportando a droga de um lugar a outro é sempre recheado de situações hilarias.
Por dividir a trama em três sub-tramas que ocorrem em paralelo, o diretor derrapa um pouco deixando o foco maior na primeira onde se encontra o Earl, a segundo e a terceira que foca no cartel e na divisão de narcóticos respectivamente não são tão abordadas e o clímax final pode ser um tanto frustante para o publico devido a forma como se encerra.
O elenco juntamente com Eastwood tem uma bela performance, Bradley Cooper, tem um papel pequeno, mas importante. Outro destaque é Andy Garcia, no papel de um chefão do tráfico. A relação com a família é a melhor de todas as interações.
A Mula é um filme que cumpre a sua proposta de apresentar a história de um homem solitário que buscou redenção de modo errado,sendo um perfeito adeus das telonas desta verdadeira lenda que é Clint Eastwood.