Se você não conhece, grave esse nome: Rodrigo Aragão, um dos maiores representantes das produções de horror no país atualmente que mesmo com poucos recursos faz trabalhos que não devem a nenhuma produção hollywoodiana em termos técnicos. Obras como Mangue Negro. Mar Negro, Noite do Chupacabra que o diga que o cara tem talento de sobra e juntamente com outros talentos fomentam um cinema de gênero que o publico brasileiro tanto se diz gostar mas não dá o braço a torcer por não está no shopping mais próximo.
Visto na terceira edição do Cine Horror, um dos grandes festivais que privilegia o cinema de gênero, podemos conferir em primeira mão o novo trabalho de Aragão, A Mata Negra, filme que o diretor traz seu horror com toques folclóricos pra contar uma história movida pelo amor e a busca pela felicidade.
Na trama, Clara (Carol Aragão, filha do diretor) é uma menina criada por Pai Pedro (personagem do sempre marcante Markus Konká) que encontra o Livro Perdido de Cipriano na mata em que mora e, a partir daí, se vê numa grande teia de aranha. Tudo começa quando ela se apaixona por um rapaz de sua vizinhança e almeja salvá-lo acima de qualquer coisa – mesmo que se envolva em situações terríveis para uma menina de sua idade.
Sozinha, com medo mas também com vontade de ser feliz, Clara não enxerga o mal que pode liberar ao utilizar o Livro Perdido e suas atitudes vão desenvolvendo mais perspectivas ao plano geral.
Apesar de parecer simples a sinopse, as ramificações que o longa tem é bem denso e cheio de amarras e personagens. A maneira de mover a narrativa de Aragão apesar dos exageros é muito boa e avança muito bem, sem se atrapalhar ou impossibilitar a aproximação dessa viagem, importante, assim como é para qualquer história fantástica, é se deixar envolver pelo clima apresentado.
A atuação de Carol convence por sua vivacidade e é o guia para esta aventura recheada de cores, detalhes e simbolismos. O elenco também traz Mayra Alarcón, esposa do diretor e também produtora do filme, e rostos conhecidos dos trabalhos de Aragão como Walderrama dos Santos, Markus Konká, além de Jackson Antunes, bastante conhecido de filmes e novelas globais.
O longa foge um pouco dos já tradicionais filmes de zumbi de Rodrigo, cheios de gore e humor escrachado, partindo aqui para uma abordagem um tanto mais séria do horror “universal” e com o nosso folclore (que o diretor já flertou muito bem em As Fábulas Negras). Mas a obra ainda tem momentos divertidos e cenas que remetem à obra de diretores como Sam Raimi (da franquia Evil Dead), àquele Peter Jackson de antigamente ( de Fome Animal).
A qualidade técnica de A Mata Negra segue o padrão de Aragão em seus trabalhos que são um show à parte e dão aquele toque irresistível de cinema fantástico.
Enfim, A Mata Negra é mais um ótimo exemplo de como o horror pode ser feito no Brasil e com qualidade!Sem perder a chance de divertir com momentos despretensiosos e fazendo o aproveitamento de uma trama séria e consistente, Rodrigo Aragão mostra de uma vez por todas,como seu trabalho e de tantos outros deveria ser mais valorizado pelo público que curte o gênero.