A Jaula | Suspense nacional traz a foco o debate social do “cidadão de bem”

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
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O cinema nacional mainstream (porque há bastante produções feitas de forma independente sem uma distribuição digna por ai) tem se arriscado um pouco mais em produções de terror e suspense. A Jaula, que estreia nesta quinta (17) é mais um exemplo dessa demanda com esse gênero além das tradicionais comédias que sempre estão nas salas de cinemas de shopping do país.

Adaptação do longa argentino 4×4, o filme conta a história de um ladrão de carros, Djalma (Chay Suede) que acaba caindo em uma armadilha orquestrada por um “cidadão de bem”. Ao invadir um carro e roubar o rádio, Djalma descobre que não consegue sair do veículo, golpes no vidro tem pouco efeito e seus gritos não alcançam o mundo exterior e os vidros são espelhados, logo ninguém consegue ver o interior do veículo. Desesperado e confuso, sua situação logo é explicada por meio de uma ligação, a de um médico ginecologista (Alexandre Nero), cansado de ser assaltado diversas vezes, decidiu agir por conta própria e se vingar do próximo bandido que tentasse fazer algo assim, e preparou seu carro para torná-lo numa caixa impossível de sair.  Lutando para sobreviver sem comida, água e com o emocional completamente destruído inicia-se um jogo psicológico intenso onde a moral é colocada em xeque.

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A narrativa é bem bolada e rapidamente nos prende a atenção.  A Jaula de início é o show de um homem só, com esporádica participação por voz de Nero (muito bem por sinal). Chay Suede aqui se entrega expressivamente, com respiração ofegante, gritos de uma pessoa que se sente como um rato preso em um espaço claustrofóbico. Alias a sensação de claustrofobia é incessante e nos deixa tenso e incomodados durante a projeção.

Há construção bem superficial dos personagens e ela vai sendo desenvolvida aos poucos e com isso as temáticas do roteiro são levantadas, como a impunidade, a insegurança, os direitos humanos, entre outros pontos.

Tem alguém certo nessa história? Qual a linha tênue que separa a vítima do seu agressor? Alguém que perdeu os princípios éticos e escondeu dentro de si a moral de fazer a “justiça” com as próprias mãos o torna tão errado quanto quem está cometendo o crime? São varias reflexões que o filme levanta, mas que acaba sendo um tanto rasa e que parece as brigas polarizadas da nossa sociedade de tão na cara que são os diálogos: Eu sou um cidadão de bem! Vai defender vagabundo? São algumas delas! O cenário é interessante, a reflexão é boa, mas o texto apresentado pelo roteiro falta desenvolver melhor aquela sensação de questionamento.

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No final, A Jaula é um bom trilher de suspense no melhor estilo Jogos Mortais e um pouco de Por Um Fio que apresenta boas ideias em um filme tenso, mas que traz uma dualidade rasa entre o bandido e o cidadão de bem que poderia ser mais reflexiva e desenvolvida. Ainda sim aqueles que acham que o cinema nacional não tem exemplar de terror mainstream aqui está um bom exemplo!

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