“A Garota do Lago” | Livro de estréia de Charlie Donlea traz um enredo morno, mas que entretém

Laís Andrade
3 Min de Leitura

A mente humana e a fria crueldade que emana dela sempre fascinou escritores e roteiristas de todo o mundo, configurando-se como um prato cheio para histórias policiais e suspenses com crimes hediondos. Alguns destes crimes são vistos como injustificáveis, dentro da vã suposição de que até a maldade é limitada, enquanto tentamos manter as rédeas da nossa própria sanidade. Por vezes apenas não conseguimos entender o motivo e é quando nos debruçamos sobre a obscuridade que habita em alguns de nós ao lermos manchetes absolutamente apavorantes nos jornais.

“Ao longe, uma sirene ecoou na noite, baixinha no início, e depois mais alta. a ajuda estava chegando, embora ela soubesse que era muito tarde.”

Neste livro, escrito por Charlie Donlea e publicado pela Faro Editorial em 2017, somos apresentados à trágica história de Becca Eckersley, uma jovem estudante de direito que é brutalmente assassinada ao chegar em sua casa, que fica na pacífica cidade de Summit Lake. Um caso aparentemente sem explicação e com pistas escassas que conduzem a becos sem saída. A investigação fica por conta da jornalista Kelsey Castle, uma jovem repórter que confronta-se com essa intrincada teia de aranha de fatos, tentando encontrar brechas nos relatos escutados e chegar à um desfecho.

Este é o primeiro livro de uma trilogia escrita por Charlie Donlea, que estréia se mostrando um escritor promissor. Ele apresenta uma narrativa leve, concisa, sem subterfúrgios de esconder pistas para impendir-nos de desvendar o mistério antes do fim. Me abstenho de realizar comparações com outros grandes autores de livros policiais, mas acredito que “A Garota do Lago” cumpre sua função de entreter com um roteiro intrigante e divertido.

O livro possui um senso mais novelesco, com personagens pouco aprofundados e uma estética impecávelmente irreal, o que pode não agradar a todos. Com isso, quero dizer que todos os personagens apresentados na trama são muito mecânicos, a história não possui uma fluidez nos diálogos, transparecendo o tempo todo uma mão firme do autor em controlar todas as situações para a condução ao desfecho desejado.

Mas nem por isso é um livro ruim, pelo contrário, é uma obra que agrada pela despretensão, mas que não traz grandes surpresas e que é facilmente esquecível após a última página. Vale para quem busca uma leitura descontraída com um mistério simplório.

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Estudante de Letras nas horas vagas. Apaixonada por livros. Marvel é melhor que DC.
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