A franquia Invocação do Mal, carinhosamente chamada de Invocaverso, se popularizou depois que James Wan fez sucesso com o filme do casal Warren que derivou obras a partir de personagens que aparecem na obra.
A boneca Annabelle foi a primeira a ganhar um derivado e expandir a franquia para além do seu original e foi um sucesso. A personagem ganhou outros dois longas depois e entre altos e baixos foram ótimos de bilheteria, fazendo a alegria da Warner Bros.
O demônio Valak, surgido em Invocação do Mal 2, assim como a boneca, logo ganhou um destaque e prontamente um derivado: Em 2016, A Freira estreou e se tornou a maior bilheteria da franquia até então. Era questão de tempo uma sequência ser lançada, o que se tornou realidade com A Freira 2, filme que mais uma vez é um filme de terror que abusa dos clichês básicos do gênero, mas que não tem uma alma própria para se justificar.
A trama, ambientada quatro anos depois da anterior, nos apresenta mais uma vez à Irmã Irene (Taissa Farmiga). Depois de ter enfrentado o demônio em um monastério romeno e quase ter perdido a vida, ela agora se isola em um convento, tentando seguir em frente – mas ainda assombrada pela perigosa figura e por seu iminente retorno. Dito e feito, Irene é convocada pelo clero do Vaticano para investigar uma série de estranhas mortes envolvendo membros da Igreja e que, ao que tudo indica, apontam para o escape de Valak de sua prisão eterna após ter possuído o jovem Maurice, também apelidado de Frenchie (Jonas Bloquet). Assim, acompanhada da rebelde Irmã Debra (Storm Reid), Irene cruza a Europa até um internato para meninas francês para impedir que o demônio continue a espalhar o caos – e para que seja mandado de volta para o Inferno de uma vez por todas.
O Roteiro escrito por Ian B. Goldberg, Richard Naing e Akela Cooper é básico e sabe melhor se utlizar da narrativa clássica desse estilo de produção, melhor até que seu original, mas ainda sim é perdido em vários pontos (principalmente no seu terceiro ato)e abusa da violência pra impactar mais na trama sem ser algo orgânico por si dizer (Valak parece um assassino slashee em alguns momentos). A trama lembra um pouco o recente O Exorcista do Papa, no jeito como a protagonista é chamada pelo Vaticano para investigar um caso sobrenatural e até como o vilão deseja algo para se tornar poderoso e seu enfrentamento soa semelhante.
A direção de Michael Chaves que dirigiu as piores coisas da franquia (o fraco A Maldição da Chorona e o bom porém aquém dos seus antecessores Invocação do Mal 3) é sistemática. O diretor até comsegue criar um clima interessante e brincar com elementos de cena, utlizando os clichês do gênero ( a cena com as revistas) mas no geral parece meio incerta em algumas tomadas de decisão.
A parte técnica continua boa, com um design de produção bem soturno e recriando bem as vilas européias da década de 50. Os efeitos são ok e assim como o trabalho de maquiagem principalmente na Valak que mantém seu padrão.
No elenco quem tem grande destaque é Tassia Farmiga que consegue trabalhar bem sua protagonista com o que o roteiro lhe oferece se sobressaindo sempre. Bonnie Aarons, por sua vez, reprisa seu papel como o demônio e diverte-se ao reencarnar uma das antagonistas mais assustadoras da memória recente, mesmo que o impacto já não é mais o mesmo depois da vilã ser vista várias e várias vezes.
Já o restante do elenco desempenha um papel mais secundário e com o que o roteiro lhe dá, o que o caso da freira rebelde de Storm Reid, que parece está ali porque é necessário está. Katelyn Rose Downey emerge como Sophie, uma das jovens estudantes do internato que é assombrada por Valak e que tem como principal confidente tanto Maurice quanto a mãe, Kate (Anna Popplewell). Já Jonas Bloquet transita entre várias feições como o homem bom que é o receptáculo do mal.
A Freira 2 é mais um derivado da franquia que não há justificativa de existir, exceto claro pra fazer dinheiro pro estúdio. Como terror de shopping, é um longa que irá agradar o público casual, sendo até mais atraente que seu anterior, mas no geral Valak aqui soa como um demônio da Shopee que verdadeiramente um capeta de respeito como em Invocação do Mal 2.