O cinema cristã, já é um gênero bem construído e conhecido. Apesar de está incluído nele, eu não falo de longas como Os Dez Mandamentos e Nada a Perder, da Record Filme, que parecem projetos caça-niqueis do que explorar os ideais cristão.
Obras como Deus Não Está Morto e Quarto de Guerra são bons exemplos de produções que exploram bem a temática do gênero. A Forja: O Poder da Transformação é o novo projeto trazendo o gênero ao grande publico.
Dirigido pelos irmãos Kendrick, dupla conhecido por suas obras baseadas na fé cristã, o longa utiliza a mensagem ao abordar temas como a ausência paterna, redenção, e a importância do discipulado, mesclando questões espirituais com dramas da juventude contemporânea.
Isaiah ( Aspen Kennedy) é um adolescente viciado em videogames e basquete, que enfrenta vários conflitos com sua mãe solteira, Cynthia (Priscilla Shirer), e está desorientado quanto ao seu futuro. A vida de Isaiah começa a mudar quando ele consegue um emprego com Joshua Moore ( Cameron Arnett), um empresário bem-sucedido que lidera um grupo de oração chamado “The Forge” Joshua se torna um mentor para Isaiah, apresentando-lhe valores cristãos e ajudando-o a redescobrir um caminho para sua vida.
A trama do filme é simples e objetiva, onde a proposta é clara: promover uma mensagem de fé, redenção e a importância da disciplina cristã. Porém, se a mensagem é boa e tem positividade, a estrutura narrativa é seu calcanhar de Aquiles. Assim como varias produções do gênero (e até dos próprios diretores), o filme parece um folheto evangélico em forma de longa metragem. Toda sua estrutura parece um sermão religioso, repletas de diálogos que em sua maioria soam como discursos premeditados, fazendo dos personagens figuras irreais em muitos momentos. A jornada de transformação de Isaiah parece trabalhar com a proposta do longa do que ser uma autodescoberta, justamente por sua estrutura ser previsível e bem formulaica por assim dizer.
Até a estrutura teológica de A Forja apresenta certas controvérsias. O filme promove uma ideia de redenção através de mudanças comportamentais, como o abandono de passatempos “superficiais” e a entrada em um grupo de elite de homens cristãos para ser um pessoa de sucesso e organizada. Contudo, essa mensagem pode ser problemática ao implicar que se tornar um “bom cristão” é abandonar certos aspectos culturais em favor de um padrão de comportamento mais aceitável para aquela sociedade. Até a forma de como o capitalismo é abordado aqui soa de certa forma um tanto controverso visto essas mensagens são englobadas com a principal do filme.
No aspecto fílmico, o longa é tecnicamente e visualmente ok. Tudo é bem filmado, a fotografia é bem clara e limpa e a montagem junto da trilha sonora funcionam condizentes. O elenco também mantem esse padrão, com atuações que se encaixam no que o roteiro permite. Cameron Arnett se destaca como Joshua, trazendo um ar de sabedoria e autoridade à tela.
Pra finalizar, A Forja: O Poder da Transformação tem seu publico bem especifico e ele irá entregar o que eles procuram: uma narrativa que afirma valores cristãos de forma simples e sem firulas. Contudo, o maior problema do filme está em sua estrutura narrativa que acaba mais um folhetim cristão do que propriamente um filme.