Recentemente fiz uma crítica sobre a cinebiografia da Whitney Houston, e mencionei como atualmente Hollywood está no hype desse genero.
A Era de Ouro é a nova aposta do genero, que traz não um grande artista em destaque, e sim em Neil Bogart, fundador da Casablanca Records, uma das maiores gravadoras independente que lançou importantes artistas como Donna Summer, KISS e Village People.
Neil Bogart (Jeremy Jordan) nem sempre teve esse nome. Nascido no Brooklyn, em Nova York, o jovem rapaz cresceu vendo o pai se endividar e apanhar por isso – é justamente por essa razão que quer sair dali e ter uma vida melhor. Neil começa a vida fazendo breve sucesso como cantor, muito por conta da sua visão de marketing, que o permitiu ganhar de Elvis Presley em um concurso local. Assim ele consegue, junto com seu sócio Cecil (Jay Pharoah), abrir a gravadora independente Casablanca Records. Seu senso para negócios e seu bom ouvido foi capaz de detectar talento em grupos e cantores que ouvimos até hoje, porém a trajetória e a demora para que esses mesmos talentos de fato estourassem na mídia se misturou com a vida pessoal de Neil, ao ponto de ambas as áreas de sua vida estarem tão intrinsecamente emaranhadas, que foi impossível separar as coisas.
Dirigido pelo filho de Bogart, Timothy Scott Bogart (Páginas de Uma Vida) o longa apesar de ousar em trazer uma figura mais desconhecida do publico, bebe da estrutura da maioria das cinebiografia já feita para fazer uma ode da carreira e vida do protagonista. Se por um lado é interessante ver essa figura, o roteiro estruturado com Bogart quase quebrando a quarta parede para interagi com o publico e contando suas vivências acaba escorregando algumas vezes no velho clichê do sonho americano e em outros momentos sua montagem prejudica a experiência para história. Não é de tudo uma bagunça, já que parece ter os problemas da biografia do Queen, onde eles trazem pontos da vida da banda e não situa bem os eventos, aqui temos a vida de Bogart, sua família, triângulos amorosos e a Casablanca Records, e tudo é passado pra a gente que algumas subtramas se perdem e segue sem alguma explicação ou somente em um texto no final do final.
A parte musical apesar de usar regravações da epoca, não incomoda e até traz uma nostalgia para quem ouvia esses clássicos. O problema está quando o longa apresenta as presenças de palcos que não ficam muito bem ou são genérica.
Um ponto que o filme acerta em cheio é na sua direção de arte e maquiagem, que brilham mesmo com o pouco orçamento que tem e sabe retratar a extravagância daquela decada. O unico problema está no uso de tela verde em alguns momentos que prejudica a imersão nessas cenas.
Conhecido por seu papel na série Supergirl, Jeremy Jordan,não compromete, mas também não faz nada excepcional aqui como o protagonista. O elenco é secundário é ok sem ninguém realmente se destacando.
Pra finalizar, A Era de Ouro é um filme que vai atrair os fãs de cinebiografia a conhecer uma figura um tanto desconhecida por muitos. O longa se vende como uma carta de amor de filho para pai que bebe a formula pronta de fazer uma obra do genero, apesar de sofrer com alguns deslizes, ao menos pode proporcionar um bom programa para os menos exigentes.