GLOW retrata com respeito e humor o mundo das mulheres do Wrestling

Emile Campos
4 Min de Leitura
Netflix/Divulgação

Os anos 80 estão de volta e a Netflix está sabendo muito bem como utilizar essa que foi uma fase gloriosa para muitos(até para mim que cheguei no inicio dos 90 rsrsrsrs!) . Baseada na liga feminina de luta livre ou wrestling, que estrelou sua própria série televisiva nos anos 80, GLOW, mais nova série original do serviço, consegue resgatar esse clima mágico oitentista  com exatidão.

A série, que se passa em 1985, acompanha Ruth Wilder (Alison Brie), uma atriz que não consegue um papel e, vivendo em Los Angeles, encontra-se no fundo do poço. É nesse momento que ela descobre um projeto inusitado de série de televisão. Não demora muito para ela, então, começar a fazer parte de GLOW (Gorgeous Ladies of Wrestling) e, mesmo sem saber nada sobre wrestling ela se dedica integralmente ao programa. Enquanto isso, ela, as outras mulheres, o diretor e o produtor precisam superar as dificuldades que surgem no meio do caminho, envolvendo brigas pessoais, problemas monetários e mais, tudo enquanto aprendem detalhes sobre essa luta teatral.

Criada por Liz Flahive e Carly Mensch, e com produção executiva de Jenji Kohan, GLOW é uma deliciosa mistura de drama e comédia, nos moldes dos melhores filmes de sua época. A preocupação das criadoras/showrunners claramente é a de desenvolver suas personagens e elas conseguem fazer isso sem o menor problema, dedicando alguns capítulos a focos distintos e problemas variados, a tal ponto que, no fim, conhecemos a fundo quase todas as garotas que fazem parte desse grupo.

É interessante observar como a imagem do wrestling é desconstruída e o que enxergávamos como ridículo no início da temporada, passamos a entender como um grande teatro cômico com o passar dos episódios – novelas exageradas recheadas de lutas encenadas. Em todo esse processo de criação é fascinante observar como as personas do ringue são criadas, baseando-se em estereótipos que dentro da história da série são utilizados a fim de realizar críticas à sociedade e fora dela também. A Debbie/Liberty (Betty Gilpin), por exemplo. No ringue, ela é a personificação do american way of life e, fora dele, ela é uma mulher que fora traída, que abandonara seus sonhos para constituir a família. Dentro disso, é evidente que a maior temática é o empoderamento feminino, com todas lutando para fazerem o programa dar certo.

Tudo isso, porém, não seria possível sem o elenco dedicado, formado quase que integralmente de atrizes, com destaque, no entanto, para Alison Brie. Ela é tão convincente no papel de Ruth, de uma atriz meia-boca e desencontrada profissionalmente, que quando realmente percebemos o que Brie está fazendo com a personagem é que somos capazes de entender de onde ela vem.

Aliando tudo isso ao excelente design de produção, com figurinos e cenários cuidadosamente produzidos, somos jogados de cabeça nos anos 80, com direito a sequências de montagem, mostrando a evolução das personagens que colocarão um sorriso no rosto de qualquer um apaixonado pelos filmes da época.

No fim das contas,GLOW usa essa arena de pano de fundo e a transforma em uma história de maturidade feminina com uma energia esperta e envolvente que equilibra tons com extrema habilidade

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