Anthony Ryan, autor escocês responsável por um best-seller do New York Times, está de volta com a enérgica sequência de “A Canção do Sangue“. “O Senhor da Torre” é o segundo livro da saga A Sombra do Corvo, uma fantasia épica que explora episódios de conflito, lealdade e fé. Lançado pela Editora LeYa em 2016 com uma grande adesão do público graças a seu primeiro lançamento no Brasil. A edição, assim como a anterior, contou com uma capa exclusiva para a edição brasileira, sendo muito semelhante as usadas em “As Crônicas de Gelo e Fogo“, outro livro popular da editora.
Vaelin Al Sorna, agora guerreiro da Sexta Ordem, é o maior guerreiro de sua época. Desiludido com seu Rei Janus e pelo sangue de guerreiros derramado por causa de uma mentira, ele volta para casa, se isolando de tudo e de todos, jurando nunca mais matar. Porém, o Reino, que já está dividido entre os que apoiam o Rei Janus e os que preferem sua irmã como líder, será atacado por forças poderosas, e Vaelin, que ganhou a alcunha de Lâmina Negra, deverá lutar novamente. O livro continua a abordar de forma inteligente temas como lealdade e diversidade,
Dando uma verdadeira impressão de sequência, o livro retoma do ponto que o anterior terminou, com descobertas a serem feitas nesse que talvez seja o livro mais político da trama. É possível entender que aqui o campo de batalha está sendo preparado, fazendo desse um aquecimento bastante denso e cheio de momentos marcantes. Diferente do primeiro, não existe uma mudança no tempo em que a história se passa, pois aqui é uma linha direta e mantendo o padrão de divisão em partes, para que não se torne tão cansativo. Para quem costuma se perder, no final do livro temos o “Dramatis Personae” que apresenta quem é cada personagem e cada situação em que eles se encontram.
Aqui Vaelin possui um dom único e uma responsabilidade ainda maior, a chamada canção do sangue que o torna um guerreiro ainda mais forte, sendo despertada a cobiça de muitos em ter o jovem como seu aliado. O agora conhecido como Lâmina Negra, terá aliados para dividir até mesmo o ponto de vista da trama, afinal, muitas vezes terão de se dividir enquanto correm por seus objetivos. A exemplo temos uma parte da história contada sob o ponto de vista de Frentis, personagem que mais mudou do primeiro para o segundo livro, além das personagens femininas que também contribuem com pontos de vistas distintos de Vaelin. Alornis Al Sorna, irmã de Vaelin é outro destaque revivido do livro anterior.
Entre os novos personagens, temos a jovem Reva, que foi criada para dar um tom de rivalidade com Vaelin, mostrando aos poucos suas nuances como todos os outros, e ainda assim consegue ser uma mulher forte e determinada. O retorno da Princesa Lyrna foi realmente majestoso, pois ela resolve extravasar toda sua fúria em momentos de extrema necessidade, e outros nem tanto, mas que valeram o livro, dando um demonstrativo do poder feminino sendo lembrado nessa aventura épica. Por descobrirmos mais personagens, mais histórias precisam ser contadas, por sorte elas são ricas em detalhes e trazem uma diversidade muito maior para a trama que parecia partir de apenas um personagem.
As guerras são ainda um aperitivo para os fãs, sendo que o autor se faz entender até mesmo com um parágrafo descrevendo o que antes exigia dele uma página. Obviamente, por ser um volume de transição, a ideia de dar mais significado para cada uma das situações está excelente. Outra felicidade é ver que algumas pontas soltas estão aqui encontrando um caminho, mas havendo outras para serem decididas no volume final. Ainda que menos empolgante que o primeiro, será fácil pensar no terceiro como uma grande solução para todas as perguntas que fizermos nesse. “A Rainha do Fogo” terá como fazer dessa série de livros uma ideia sólida e sem lacunas? Só nos resta ler para compreender. Dramatis Personae Alornis Al Sorna