‘A Canção do Sangue’ é um empolgante início para sua trilogia

João Fagundes
5 Min de Leitura

A Editora LeYa, por ser referência no gênero fantasia épica, nos apresentou em 2014 essa saga tão bem recebida em outros países, havendo um relançamento em 2016 com uma nova capa, exclusiva para a edição brasileira. Neste “A Canção do Sangue“, primeiro volume da trilogia “A Sombra do Corvo“, o autor escocês Anthony Ryan estreia de maneira promissora na literatura, com uma aventura repleta de ação e mistérios que vão se abrir para o leitor na medida que a história avança.

Quando Vaelin Al Sorna, um garoto de apenas 10 anos de idade, é deixado por seu pai na Casa da Sexta Ordem, ele é informado que sua única família agora é a Ordem. Durante vários anos ele é treinado de forma brutal e austera, além de ser condicionado a uma vida perigosa e celibatária. Mesmo assim, Vaelin resiste e torna-se líder entre seus irmãos. Ao longo de sua jornada, Vaelin também descobrirá de quem foi o verdadeiro desejo para que ele fosse entregue à Ordem o objetivo sempre foi protegê-lo, mas ele não tem ideia do quê. Aos poucos, indícios de uma esquecida Sétima Ordem e questões acerca das ações do Rei Janus fazem Vaelin Al Sorna questionar sua lealdade. Destinado a um futuro grandioso, ele ainda tem que compreender em quem confiar.

Vaelin Al Sorna é diferente dos tipos de heróis que encontramos, pois ainda que tenha uma porção de problemas e em contrapartida títulos das suas conquistas que lhe garantiram a alcunha de Matador do Esperança, ele é um homem de aproximadamente 30 anos, que nos cativa por termos visto crescer. De criança órfã a herói da Sexta Ordem, com força para defender a Fé e seus “irmãos de abrigo”. Outro ponto importante é vermos que ao invés de acreditarem em deuses ou divindades, a Fé é a representação de tudo isso, enquanto eles se voltam para seu rei, o qual representa a figura da idolatria. Algo que faz o livro não se tornar cansativo é a divisão em partes, como se o leitor tivesse em mãos mais de um livro, ou seja, não se assuste ao ver na “Parte II” o capítulo 1 e assim por diante.

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Em seu primeiro capítulo já teremos um vislumbre do futuro, onde prestes a participar de um duelo mortal, Vaelin conta sua história para um pesquisador curioso, que passa a entender como ele chegou até ali e qual é a sua índole. “Abandonado” por seu pai logo após perder sua mãe, Vaelin descobre em seus Mestres, irmãos e todos que passam por sua complicada jornada, quais valores deve manter em si, e igualmente, quais devem passar longe do seu caráter. A partir dai, ele deve saber em quem confiar. Sendo que, sua trajetória o transforma num personagem que podemos entender e até mesmo adorar, pois ele sempre mostrou maturidade, além de ser justo e nobre, algo que não se encontra a princípio como um requisito para o treinamento de um líder nato (ainda que não deseje ser). Ele de fato é um sábio preso no corpo de um jovem rapaz, que gradativamente conquista o leitor, em suas aventuras e sua ascensão da sua casa, a Sexta Ordem.

Apesar de ser um livro de fantasia à la George R. R. Martin, houve certa falta de criatividade para tantos nomes de cidades semelhantes e com línguas que nem foram desbravadas até então. Até então esses elementos falhos aparecem de modo que atrapalham ao invés de esclarecer. Coisa que o autor busca de fato, é dar todas as cenas em mínimos detalhes, de modo que ler e viver sejam a mesma ideia, facilitando uma possível adaptação rica em detalhes, por haver muito envolvimento de seus personagens e de sua forma de ser cruel e perfeccionista. Por fim, um dos personagens que mais merece destaque foi quem deu o alivio cômico que a série precisava, é o jovem Frentis.

A forma que o autor tem de humanizar seus personagens, independente de seu grau de importância para esse volume é brilhante. Fica clara a expectativa de quem conseguirá ler mais de 600 páginas em poucas semanas, já que os volumes seguintes já foram publicados, sendo eles “O Senhor da Torre” e “A Rainha do Fogo“, respectivamente os volumes 2 e 3 da saga “A Sombra do Corvo”.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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