Atenção Gamers de Plantão! Eis um livro de player pra player que vale a pena conhecer… e não, não se trata de um livro baseado em um jogo famoso que tem como função apenas lhe vender o roteiro, sem preocupação alguma em de fato escrever algo que possa enriquecer o leitor com informações relevantes. O livro de estréia do autor Christian McKay Heidicker promete lhe puxar de todo esse mundo comercial com algo muito mais original e divertido, sendo um material digno de uma HQ (quadrinhos, assim como “Scott Pilgrim“) só que sem nenhuma pretensão de continuações.
Jaxon é um típico adolescente gamer de vida sedentária, já que seus afazeres se resumem a ser um estudante e um membro de uma guilda no jogo ‘Arcadia‘, sendo o tank da equipe. Seus pais se separaram quando tinha 8 anos, já que sempre discordavam da forma que deviam criar o menino, entre outros motivos fundamentados na trama. A princípio já entendemos que o jovem ocupa tanto tempo com jogos e não com amigos reais, namoro e coisas da idade, o que faz até a madrasta decidir tomar uma providência: internar nosso herói numa reabilitação de viciados em videogames, a “Vídeo Horizontes“, local que aceita todos os tipos de situações relacionada a vícios que interferiram no cotidiano de seus pacientes.
Após se encontrar na condição de interno, Jaxon busca uma saída com urgência, já que ele conheceu por acaso uma garota incrível num lava-jato, Serena, mas ninguém acredita que ela gostou de suas piadas e até mesmo aceitou se encontrar com ele novamente. A partir desse momento inicia-se uma contagem regressiva a lá “24 Horas” para que ele consiga estar livre a tempo do tão desejado encontro, pois precisará preencher requisitos dessa “v-hab” (rehab de videogames), que são pontos das tarefas que vão da mais simples como cumprimentar o supervisor e outras complexas como participar de esportes e vencer um time de atletas agressivos (também pacientes). Ou seja, Jaxon está reunindo pontos em um jogo da vida, pois até nomes fictícios eles terão de escolher.
O ponto alto do livro se encontra nas interações que Jaxon (ou melhor dizendo, Miles) tem com os demais personagens, mostrando que nesse livro a comédia é o principal gênero, mas ainda assim se propõe a discutir temas como preconceito, a diferença entre obsessão e vício, abandono, perda, dependência, competitividade e violência. Ainda que pareçam ser velhas propostas, aqui elas se renovam de maneira significativa, pois todos os internos tem situações variadas para serem resolvidas, algo que vai além do mundo virtual, dando a entender que os pais ou responsáveis culpam os jogos por algo que eles são os verdadeiros responsáveis.
Os leitores vão encontrar inúmeras referências da cultura pop, entre elas Amy Winehouse, Matrix, Harry Potter, Mario Bros., Final Fantasy, entre outras que vão do “Tetris” ao “Dark Souls“. Uma coisa facilmente perceptível por todos é que a cada 10 jogos mencionados, 6 são da Nintendo, mostrando que o autor deu a devida importância para uma das maiores fabricantes de games em todo mundo, mas não deixa de mencionar os demais jogos das fabricantes Sony, Microsoft e seus respectivos consoles. Existe um cuidado para não se repetir a citação dos mesmos jogos, já que na realidade existe uma grande diversidade de games para todos os gostos. Outro ponto positivo é a representação das gamers femininas, a exemplo de Meeki, uma asiática bastante temperamental e sua amiga Aurora. No geral, as garotas aqui se mostram igualmente determinadas.
Com muitas reviravoltas, os personagens passam por mudanças constantes, mas nenhuma que sirva para que nos identifiquemos com eles e nem mesmo seus problemas, que no geral são muitos dignos da vida real, mesmo estando de forma tão exagerada. A exemplo temos o “Robin” de Jaxon (que seria naturalmente o “Batman“), Sopa, criança que chega a ser irritante de tão leal ao novo amigo. Para o final, é guardado o momento mais animador, já que veremos a determinação que é investida quando queremos conquistar algo. Uma aventura divertida, mas quem não é nerd a ponto de entender a linguagem dessa tribo ficará por fora em parte se não se aprofundar. Por outro lado, os casais nerds terão o presente ideal para o dia dos namorados, e sem a ajuda do joystick.