Da mesma forma que os japoneses fazem uma eclética e incontável quantidade de animes e filmes sobre o shogunato, os americanos adoram fazer filmes patriotas sobre guerras que participaram, seus heróis, e como eles revidam e dão a volta por cima depois de tragédias. Cineastas sabem tirar o melhor – quase sempre -, do que de muito ruim existe em suas terras e com isso fazem a arte, literalmente, imitar a vida.
Em O Dia do Atentado, acompanhamos diversas pessoas que se envolveram no atentado da Maratona de Boston em 2013. Conhecemos os irmãos Tsarnaev, vítimas, policiais, e até mesmo as pessoas civis que, indiretamente de forma direta, se envolveram no caso dias depois dele ter acontecido.
Inicialmente você não entende porque aquelas pessoas tão comuns – algumas estando até fora de Boston -, estão sendo apresentadas e motivo de estarem ligadas ao ataque, e isso é algo extremamente interessante por parte dos roteiristas (Peter Berg, Matt Cook e Joshua Zetumer) e da direção (Peter Berg): sua curiosidade é instigada a permanecer ativada durante quase as 2hr de filme, esperando quando tal e tal pessoa vai se envolver: como? porque? quando?
Sobre o atentado:
O Atentado à Maratona de Boston de 2013 foi uma série de ataques e incidentes que começou no dia 15 de abril de 2013, quando duas bombas feitas com panelas de pressão explodiram durante a Maratona de Boston, o que causou a morte de três pessoas e feriu outras 264. As bombas explodiram com uma diferença de cerca de 12 segundos e estavam a 190 metros de distância uma da outra, perto da linha de chegada, na Boylston Street. Os irmãos chechenos Dzhokhar Tsarnaev e Tamerlan Tsarnaev foram identificados pelo FBI como os responsáveis pelo atentado.
Esses filmes patriotas, principalmente os que vêm dos EUA, algumas vezes são mal recepcionados e mal vistos pela galera do lado de cá das Américas, para essas pessoas deixo um conselho: deixem um pouco de lado sua alergia ao conhecido “ranço americano”. A chave desse filme é, primeiro: ser baseado em fatos que aconteceram e que deixaram boa parte do mundo chocada; e segundo: ele foge do plot “vamos apenas contar como aquilo aconteceu e erguer umas bandeiras”.
A história e os personagens te envolvem. O pânico, o medo e a angústia das pessoas faz com que os mesmos sentimentos cresçam em você. Assim como, consequentemente, aquela vontade de ter uma resolução. Ainda mais quando você percebe que aqueles atores estão representando pessoas que realmente viveram aquilo. Você sente um pouco daquele valor patriota e todo BOSTON STRONG chegar um pouco em você. Se você se deixar levar, é claro.
Quando os plots são tão no estilo “perto e pessoal”, eles dificilmente vão tocar emocionalmente muitas pessoas, é o tipo de filme que tem valor por narrar algo marcante que aconteceu com um povo e, querendo ou não, é direcionado para esse público. O filme Lincoln (2012, Steven Spielberg) é um bom exemplo disso: metade das salas brasileiras dormiram durante as sessões, um filme que rendeu diversas indicações ao Oscar, aclamado pelo público norte americano, mas não tanto nos lados da cá.
O Dia do Atentado não atrai bocejos, porém lembra muito os programas de investigação criminal do canal Discovery Investigation. Ele acompanha os dias antes e depois do atentado, tudo que aconteceu no meio, quem acabou entrando na caçada aos terroristas e então a resolução de tudo. É aliviado desse clima com as cenas onde se mostra a vida pessoal dos personagens, porém em algumas partes se torna cansativo, pesado e as duas horas e alguns minutos parecem muito mais.
Roteiro e direção seguem o mais fielmente possível os acontecimentos, as atuações estão primorosas e o filme merece ser levado em consideração, e ser enxergado como relevante, mas ainda é extenso e pode cansar em determinados momentos, por isso tem que ser assistido com o pensamento de que aquilo aconteceu de verdade, aquelas pessoas sofreram daquele jeito. E com esse pensamento você consegue terminar o filme com uma sensação de que, para mal ou para o bem, aquela tragédia teve seu desfecho.
O elenco conta com Mark Wahlberg (Ted, 2012), J. K. Simmons (Whiplash, 2014), John Goodman (Argo, 2012), Kevin Bacon (Sobre meninos e lobos, 2003), Michelle Monaghan (O Melhor de Mim, 2014), Melissa Benoist (Supergirl, 2015) e Alex Wolff, que fiquei o filme todo achando que era Nat Wolff (Cidades de Papel, 2015) com uma pinta na cara, mas eles só são irmãos mesmo.