O universo das animações tem uma paixão por animais, e pelo visto está longe de acabar. Para nossa sorte muitas impressionam com sua qualidade, e outras até nos emociona com uma grande facilidade. Não importa o estúdio, os bichos são a cara do sucesso! Do diretor Ash Brannon, o mesmo responsável por “Tá Dando Onda” e que foi co-diretor de “Toy Story 2”, é a vez de conhecermos Bodi, o sonhador canino da Montanha Nevada. Após muitos adiamentos, essa simpática aventura finalmente chegou aos cinemas nacionais pela Paris Filmes, sendo que “Rock Dog: No Faro do Sucesso” é um filme de 2016, e estreou há exato um ano.
Em um pequeno vilarejo na China, a música era um forte elemento cultural, já que todos sabiam tocar algum instrumento e só havia alegria. A maior parte da população é de ovelhas (todas iguais, só uma veremos alguma diferença), o que atraem os temíveis lobos famintos, e implantou o medo nessa população, que decidiu abolir a música. Bodi e seu pai sempre foram responsáveis por proteger todos, já que são cães. Ainda que tenha essa missão, Bodi (que é dublado por Wendel Bezerra, o Goku de “Dragon Ball Z”) deseja cantar e tocar sua guitarra na cidade grande. Paralelamente, o felino astro do Rock Angus Scattergood precisa de uma nova música para continuar com sua carreira de sucesso, mas tanto luxo o tornou preguiçoso e acomodado. O que uniu esses dois animais tão diferentes? Um rádio.
A breve apresentação do filme usa uma versão cartunizada (como um desenho animado) para contar mais da história e mostrar um pouco da cultura (um forte elemento) dessa população atormentada pelos lobos e ao mesmo tempo a infância de Bodi, que já tinha relação direta com a música. Em sua adolescência já vemos as cenas em computação gráfica, onde não perde nada para alguns estúdios consagrados como Pixar e Dreamworks, ainda que haja simplicidade no conteúdo… o que se torna uma marca para esse longa: Menos é mais. Com um humor bem escrachado, mas não a ponto de ser ridículo, o público jovem e adulto não se sentirá enjoado, assim como as crianças que são o público-alvo e com certeza vão amar os personagens.
Após chegar na cidade vemos uma grande variedade de espécies e os bichos estão ali representando os papéis de humanos em funções sociais, assim como em “Zootopia”. Muitas referências ao mundo da música serão apresentadas, como o robô doméstico de Angus, que se chama OZZY, nome do popular ex-vocalista do Black Sabbath, Ozzy Osbourne. A trilha sonora também faz sua parte, contendo a original “Glorious” de Adan Friedman e alguns clássicos do rock como “Learn To Fly” do Foo Fighters, entre outras que combinam perfeitamente com o clima. Os personagens mais carismáticos são a raposinha Darma e o bode Germur, que infelizmente não tiveram tanto destaque.
Algo que desaponta é as falhas no roteiro, onde mostram a personalidade do gato Angus uma hora ruim e rapidamente inverteram para que ele fizesse algo bom apenas por o filme estar chegando ao fim. Isso acontece quando se tem duas tramas que tiveram dificuldades de se encontrar totalmente, o momento que mais conseguiu se aproximar acabou sendo a cena em que Angus e Bodi trabalham juntos para exercer o amor de ambos pela música. Ainda nesse instante não fica claro se o protagonista compreende suas habilidades, o que nos leva pro ato final, onde ele é capaz de ajudar – e muito – seu vilarejo.
Mesmo com problemas, a história consegue transmitir – com muita inocência – a importância de lutar pelo seus sonhos estarem sendo priorizados. O fato de Bodi não ser da cidade comove nas situações que ele se encontra pra conseguir atenção dos outros, é real o que é retratado quando pensamos em jovens que deixam o interior para cursar uma faculdade ou iniciar um negócio. Ash Brannon mais uma vez mostra que os bichos podem fazer qualquer animação carismática, independente de seu conteúdo. E ATENÇÃO… Não esperem por sequências ou cenas pós-créditos.