‘Jovens de Elite’ inicia trilogia distópica de maneira problemática

João Fagundes
4 Min de Leitura

Se acredita que este livro alimenta a moda das aventuras distópicas com jovens destemidos e cheios de problemas, que sempre se desenrolam numa trilogia literária, cujos autores recebem com facilidade propostas de adaptações para a televisão e cinema. Seja por curiosidade ou não, a autora Marie Lu (responsável pela trilogia “Legend”) apresenta mais uma história para o público adolescente, que continua sedento por histórias que contenham magia, violência e relações proibidas. Sejam bem vindos ao universo dos Jovens de Elite.

Após uma febre misteriosa que acometeu toda uma população de jovens na cidade de Kenettra – crianças e adolescentes – esses chamados de malfettos, uma maneira pejorativa de tratar os sobreviventes que adquiriram poderes únicos e cicatrizes que deixam claro a condição diferenciada dessa geração “perdida”. Ao mesmo tempo alguns são visto como heróis, e se unem com seus iguais em uma organização secreta, eles são Jovens de Elite. Responsáveis por salvar inocentes da Inquisição (estamos na era medieval) e suas deliberalidades, hora de conhecermos a nossa protagonista desafortunada: Adelina Amouteru. De acordo com a autora, ela não seria a protagonista, mas sim a vilã, onde o principal seria um homem.

Nascida de berço nobre, Adelina nunca teve a mesma sorte que sua irmã Violetta, já que foi atingida por essa praga que lhe fez perder um olho e muitas oportunidades, como se casar e agregar mais prestígio ao nome da família Amouteru. A partir de seu início vemos algo como uma nova versão de “Cinderella”, onde se desconstrói o ambiente familiar de uma bela mulher com pouca sorte e se forma uma atmosfera mágica num piscar de olhos. Com uma narrativa em primeira pessoa, vemos que a protagonista é bastante prepotente e um tanto comum, por sorte ela aceita a sua realidade e não vive se lamentando. Ir a luta se torna algo natural, pois seu poder lhe aproxima dos mais experientes do grupo.

O problema está em seu desenvolvimento, onde fica tão artificial quanto uma fanfic de “Jogos Vorazes” ou de “Os Instrumentos Mortais”. Os demais personagens (Enzo e Teren, para ser mais exato) são tão dúbios que não se sabe em quem devemos confiar, sendo que não existe momento certo de descobrir quais são suas verdadeiras intenções, mesmo em seus capítulos onde vemos com amplitude o seu ponto de vista. Entretanto, sabemos que sequências costumam aprimorar essa falha encontrada. E como dito anteriormente, essa obra fará parte de uma trilogia, cujo o lançamento seguinte se chama “Sociedade da Rosa”, e foi publicado recentemente pela Rocco.

Por último, mas não menos importante, o final nos garante uma entusiasmada ação, porém curta, mostrando que essa obra junta um pouco de cada elemento que fazem os jovens adorarem ler. Muita fantasia, aventura, uma promessa de romance, drama e por último a ação. Está claro que Marie Lu é um dos nomes em ascensão na literatura contemporânea, tendo alcançado o topo de listas dos mais vendidos nos Estados Unidos e direitos de adaptação para o cinema adquiridos nesses seus 6 anos como autora e de fato escreve muito bem, mas deveria pensar com cuidado a respeito dos seus títulos como unidade, e não como um todo. Adelina é uma personagem com potencial, mas ainda não desenvolvido. Só podemos dizer: Fica pra próxima!

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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