Lançado há dozes anos, o primeiro romance do autor David Levithan é uma idealização bem sutil de sociedade sem preconceitos e distinções de gêneros em uma pequena cidade, chegando a alguns momentos ser utópico. No mesmo sentido é uma leve e envolvente história entre um garoto que ganha o garoto e por um grande erro o perde.
O livro é narrado pelo Paul, e por ele conhecemos os seus melhores amigos: Joni, que passa a namorar um grande babaca e o Tony que é gay e possui pais extremamente religiosos. A escola que ele estuda é nada convencional, o quarterback principal do time de futebol americano é ao mesmo tempo a rainha do baile (uma Drag de um metro e noventa de altura) chamada Infinite Darlene. As lideres de torcida em vez de apresentações normais com pompons, usam motocicletas Harley que julgam ser uma melhor forma de entretenimento. Ainda existe uma aliança gays e héteros criada pelo Paul e mais alguns amigos que revolucionou a escola. Sem falar de sua própria cidade que é bem diferente das demais.
Sobre o romance entre o Paul e o Noah, julguei que seria algo forçado ou muito superficial, mas o David me surpreendeu com um romance tão envolvente e prazeroso de acompanhar. O primeiro encontro deles (um com direto a flores e tudo mais) é algo indefinido, eles não planejam aonde irão, é espontâneo. Até o primeiro beijo acontece de uma forma simples e romântica, nada apressado. Mas esse romance não dura por muito tempo, como a própria sinopse anuncia. O Paul acaba cometendo um erro que gera o rompimento entre os dois. Nesse momento ele coloca um plano em ação para reconquistar seu amado, que contará com a ajuda de seus amigos e muito esforço.
Algumas questões são muito bem tratadas no livro que se encaixam perfeitamente. O tema descoberta da sexualidade é abordado de forma tão natural pelo autor por meio do Paul, que tem um pensamento igualitário e até mesmo engraçado quando ele relata sua opinião sobre o assunto aos cinco anos de idade. Ou até mesmo o drama vivido pelo Tony, que possui pais religiosos e preconceituosos que tem uma abordagem forte e tocante durante a história. Mas a forma como ele lida com a situação (que é vivida por muitos jovens) é o verdadeiro triunfo do autor fazendo o personagem demonstrar verdadeira coragem ao se posicionar com seus pais sem desrespeito ou sacarmos em busca uma solução que possa agradar ambos os lados.
“Eles acham que ser gay vai estragar minha vida toda. Não posso provar que eles estão certos, Paul. Tenho que provar que eles estão errados. E sei que não posso provar que estão errados se mudar ou negar o que realmente sou. A única forma de provar que eles estão errados é tentar ser quem eu sou e mostrar para eles que não está me fazendo mal ser assim”. Pag 181
Poderia descrever um pouco mais sobre o livro, mas isso implicaria spoilers. Portanto, Garoto encontra Garoto é um livro mágico mesmo não possuindo magia. Possui uma leitura leve, personagens marcantes, capítulos curtos, temas expostos de uma maneira simples e clara. Envolta do romance entre os personagens a uma mensagem linda para os leitores, mostrando que viver em um mundo de tolerância é possível e que para o amor não existe diferença, mas sim igualdade.