Pegando carona na moda dos reality shows musicais (American Idol, The Voice, The X Factor) Sing – Quem Canta Seus Males Espanta transpõe o formato às animações de forma contagiante e divertida, com personagens interessantes e grandes músicas
A trama acompanha um Coala chamado Buster Moon, interpretado por Matthew Mcconaughey, um produtor teatral fracassado, repleto de problemas financeiros, que tenta uma última chance de restaurar a glória de seu antigo teatro produzindo uma competição de canto que oferece, por engano, o prêmio de US$ 100 mil ao vencedor.
Obviamente que, diante de um prêmio tão bom, muitos concorrentes aparecem no teatro e é aí que conhecemos os principais personagens: A porquinha dona de casa Rosita (Reese Witherspoon), o malandro Mike (Seth Macfarlane), a adolescente roqueira Ash (Scarlett Johansson), a elefanta tímida Meena (Tori Kelly), o gorila filho de gangster Johnny (Taron Egerton) e o animado porco Gunter (Nick Kroll). Eles são escolhidos para fazer parte do show, mas nunca fica claro como algum deles será escolhido vencedor e ninguém parece realmente se importar com isso.
O que mais nos chama a atenção em Sing, definitivamente é a forma como dosa seus diferentes focos a fim de nos aproximar de cada um de seus personagens – de Ash, a porco espinho com problemas em relação a seu namorado, até Mike, um ratinho cheio de atitude, evidentemente inspirado em Frank Sinatra, todos ganham seus respectivos arcos e não demora muito para que nos identifiquemos com cada um deles. De fato, a extensa lista de personagens do musical representam diferentes problemas que enfrentamos em nosso dia a dia e o roteiro de Jennings é preciso ao abordar cada um desses pontos de forma que nenhum deles soe subexplorado.
Mais que isso, porém, os indivíduos que acompanhamos na animação trazem consigo diferentes estilos musicais – do jazz ao pop, passando pelo rock, ouvimos diferentes melodias que são capazes de atrair a qualquer tipo de espectador, independente de seu gosto pessoal. Sabiamente, o texto demonstra um forte respeito a cada um desses gêneros, descartando até o velho preconceito do rockeiro em relação à música pop. Ao utilizar uma mistura de composições originais, com outras pre-existentes, a obra apela diretamente à audiência e logo nos pegamos envolvidos pelo que se passa a tela, esteja acompanhado por canções como Firework ou My Way.
Mais do que um filme mashup musical como um todo, Sing é um longa-metragem sobre a busca de nossos sonhos, incentivando todos a seguirem aquilo que realmente querem de suas vidas, independente da dificuldade. Através dos inúmeros personagens que acompanhamos, cada um com uma vida que nada tem a ver com a arte, vemos como é preciso aquele salto em direção ao desconhecido, aquela ousadia que vem de uma hora para outra, nos possibilitando a alcançar o que realmente queremos de nossas vidas. Isso acaba se perdendo um pouco em virtude da previsibilidade do texto, que atrapalha, mas não o suficiente para perder nossa imersão.
Sing – Quem Canta Seus Males Espanta, é, portanto, um grande acerto no gênero da animação. Com ótimas dublagens e uma seleção de músicas que certamente representará a qualquer um, independente do gosto musical, temos aqui um filme que, apesar de sua evidente previsibilidade, definitivamente irá atingir a todos aqueles que enxergam a arte como algo essencial para o homem e mesmo aqueles que somente esperam se divertir nos cinemas.