Crítica – O Lar das Crianças Peculiares

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Tim Burton é um diretor peculiar! Renomado por Edward Mãos de Tesoura, Estranho Mundo de Jack e outros clássicos por sua estética gótica, nos últimos anos não acertou muito o que colocou seu nome um tanto em duvida para seus projetos seguintes.

Adaptado do romance de mesmo nome e escrito por Ransom Riggs, O Lar das Crianças Peculiares pode-se dizer, cai como uma luva na estética que conhecemos de Burton, o curioso, porém, é que vemos uma mistura bastante homogênea do tom gótico característico, com um visual mais realista, criando um híbrido que, ainda assim, consegue deixar clara a identidade do diretor.

Com a repentina morte de seu avô, Jake (Asa Butterfield) decide ir atrás do orfanato que tanto ouvira falar nas histórias de seu ente falecido quando ainda era pequeno. Segundo o avô, era uma casa repleta de crianças com peculiaridades, como uma garota que flutuava e um menino invisível e que eram cuidados por uma mulher, Srta. Peregrine (Eva Green), com o poder de se transformar em um pássaro quando quisesse. Ao chegar na ilha próxima ao País de Gales, onde a casa se localizava, ele descobre que todos os contos de seu avô eram realidade e logo se envolve em uma trama repleta de fantasia e monstros que devoram os olhos dessas crianças, da mesma forma que fizeram com seu familiar.

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O roteiro de Jane Goldman (Kingsman: Serviço Secreto) acaba fazendo igual a maioria dos filmes iniciais de franquias, a introdução da história e a apresentação dos personagens chega a ser até calma demais e, devido a frágil composição de alguns personagens(principalmente os vilões), em muitos momentos falta um ritmo que envolva a plateia. Do segundo ato em diante, quando inicia-se o conflito central do arco dramático, a história ganha em emoção, mas ainda peca no desfecho ao apressar a resolução do clímax final.

Felizmente, o visual da obra consegue contornar os deslizes do roteiro. O design das criaturas conhecidas como etéreos é bastante interessante e assustador ao mesmo tempo, criando uma nítida tensão no espectador com a mera aparição de um deles, o que apenas é amplificado pela falta de habilidade do personagem principal no combate. A decisão de fazer os poderes dos peculiares como algo mais “pé no chão” (à exceção do sopro de Emma) também é acertada, não só para passar uma maior credibilidade à audiência, como para criar uma maior sensação de perigo, visto que elas não são exatamente os X-Men quando se trata de poderes sobrenaturais, tornando-as mais frágeis e, consequentemente, mortais. Mesmo Peregrine não é tida como excessivamente poderosa, por mais que possa controlar o tempo.

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O elenco foi muito bem escolhido para viver seus personagens, mas nem todos os atores conseguiram convencer. O primeiro deles é justamente o protagonista Asa Butterfield, que convence como uma criança perdido em meio a tanta loucura, mas quando se exige emoções, nada surge. Em compensação todo o resto se sai bem. Eva Green está maravilhosa como sempre, assim como Samuel L. Jackson, o grande vilão do filme, responsável pelos momentos cômicos. É um filme em que Samuel L. Jackson interpreta a si mesmo, mas se encaixa, é bem escalado e funciona de forma ótima. Ainda temos Judi Dench com uma pequena participação e Terence Stamp.

Por fim, O Lar das Crianças Peculiares é um bom entretenimento! Ele acerta principalmente em apresentar várias das principais características marcantes de Tim Burton, mas ainda assim não é uma obra tão significativa como outros filmes do cineasta.

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