Qual seria o preço de uma boa ação? O que você faria para se manter no anonimato mesmo sabendo que poderia mudar o mundo com poderes que lhe foram concebidos involuntariamente? Até onde você iria por que ama? Essas são questões que nos remetem ao ler as primeiras páginas da nova empreitada do famoso escritor Mark Millar chamada apenas de Huck.
Huck é um cara que vivem numa cidadezinha no interior dos Estados Unidos que leva uma vida extremamente comum, mas com um pequeno detalhe, ele possui poderes de rastrear qualquer pessoa no mundo, além do mais, ele tem um poder que julga ser interno que é o de praticar boas ações, sem esperar fama, fortuna ou reconhecimento da mídia, tudo que ele deseja é ajudar as pessoas e só? Legal não? Nem tanto, ao começar a praticar uma das suas diversas boas ações, Huck acaba sendo exposto por uma vizinha mal intencionada levando a ser reconhecido e perseguido pela mídia por conta dos seus padrões de bondade, o que o deixa bastante desconfortável e inquieto.
Cada cidadão da sua cidade já conhecia os seus feitos e mantinha tudo em segredo junto a ele, menos a vizinha Diane Davis (a fofoqueira), fazendo com que o pobre super herói se por assim dizer, saia da sua simples rotina de frentista (isso mesmo que você leu!), e seja procurado por todo tipo de pessoa depois de ter ajudado e filmado no Afeganistão ao ajudar um grupo de moças que foram sequestradas.
Toda essa repercussão acaba chamando a atenção de uma organização russa que sonha em produzir uma grande leva de super soldados a partir do sangue (captando referências!), e atraindo inimigos indesejados para o quieto e tímido Huck.
Se por um lado toda a atenção o desconforta, a sua sorte muda ao receber a sua porta um irmão que foi separado dele quando criança e a possibilidade de encontrar a sua mãe que sumiu por muito tempo, usando sua habilidade especial de encontrar pessoas desaparecidas pelo nome.
Cada cena é bem construída e bonita de se ver, o tratamento estético posso garantir é de encher os olhos mesclado a sua fábula moral sobre a bondade das pessoas. Todo roteiro é construído de forma rápida e dinâmica fazendo com que o leitor consuma tudo em poucas horas de leitura.
Mark Millar é um escritor que consegue manter boas tramas e tem uma mente ágil e afiada com diálogos simples e notórios que conquistam a cada página o leitor, prova disso são seus trabalhos nas séries vindouras, Os Supremos (da Marvel) e Authority (da DC), e mesclados aos desenhos do nosso brasileiro Rafael Albuquerque (da série Vampiro Americano da Vertigo/DC), abrilhanta ainda mais a concepção dessa mini série em 6 edições distribuída pela editora Image Comics, uma vez que sua arte é tão leve e bem traçada, acompanhada de cores que lembra quase pinturas a mão em aquarela, dão um toque especial a história do potencial e inocente Huck.
Um porém que posso destacar vem ao escritor Mark Millar, ele claramente demonstra nesse universo do “ Millarworld” , que nada mais é do que um universo em Hqs de sua autoria que tem pouca ou nenhuma interação umas com as outras, que ele não liga tanto para cronologia nem com a alta qualidade interativa entre seus personagens, sempre teremos o foco no personagem principal e seus secundários ficam perdidos na trama apenas sendo lembrados pelo visual e não por suas tiradas dos diálogos, de fato ele vem construindo HQs com foco no Show Business, são tão rápidos e pouco memoráveis, fora que quase todos seus personagens são explicitamente lembrados pela sua paixão ao Superman que em alguns momentos chega a ser frustrante investir em todos os matérias dele.
Vale a pena ler e tirar suas próprias conclusões uma vez que aqui fica a minha opinião sobre o autor e suas produções independentes, todas são quase cinematográficas, deixando claro suas intenções para com a indústria do entretenimento da sétima arte do que com a “nona arte” que são nossos queridos Quadrinhos.