O terror é um filho ingrato do cinema. Quando fazem o que esperamos, ficamos decepcionados; mas quando buscam uma saída diferenciada para agradar é sempre um “8 ou 80” que divide o público entre o que aceita tudo ou o que irá se indignar e falará mal até o fim da vida, mas para isso o filme precisa ser memorável. O diretor Mike Flanagan, do recente “Hush: A Morte Ouve”(2016) trouxe algo mágico para o terror.
Após a perda do seu único filho, um casal decide adotar uma criança. Ao trazer o menino de 8 anos, eles precisarão ter forças para lidar com o passado, que parece ganhar vida toda vez que chega a hora de dormir. O que parecia um milagre pode ser uma terrível maldição, tudo depende dos seus sonhos. Com essa base o filme se inicia, enchendo os espectadores de dúvidas.
O jovem notável Jacob Tremblay se mostrou competente, assim como em “O Quarto de Jack”(2015), ainda que esteja dividindo com outras crianças o fardo de ser uma criança num filme de terror. A atriz Kate Bosworth, que já deu vida a Lois Lane em 2006 (“Superman: O Retorno”) conseguiu aqui um papel mais próximo do seu padrão, tendo Thomas Jane (“O Apanhador de Sonhos”) um desempenho ainda mais discreto. Por fim, a atriz Annabeth Gish fez uma aparição mais expressiva que a do casal, que parece ter as falas resumidas a “vá dormir!” e derivados.
O filme une a fantasia e o terror, mostrando duas faces de uma mesma moeda. Hora vemos um ambiente mágico cujo os efeitos especiais são bonitos, mas a outra parte tem efeitos bem defasados, e se era pra assustar… conseguiu! Sustos gratuitos. Ainda que tenha momentos que seja difícil não rir ou balançar a cabeça negativamente, seja para a computação gráfica barata quanto a história com saídas bem conflitantes.
Sua conclusão não é clara, mas considerando o esforço para por uma carga psicológica ao filme, ele é no mínimo instigante. O problema é que nem todos vão achar isso bom. Teve furos no roteiro? Sim. Teve criatividade? Sim. Teve um final estranho para o padrão “terror”? Com certeza! Respondendo todas essas dúvidas, devemos pensar no que desejamos ver: Mais do mesmo ou uma luz no fim do túnel, ainda que ela esteja muito distante.