Missão: Impossível – O Acerto Final | Um Adeus (ou não) com Honra e Coração

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
4 Ótimo
Critica - Missão: Impossível – O Acerto Final

Ao longo de quase três décadas, Tom Cruise consolidou sua imagem como um dos maiores ícones do cinema de ação contemporâneo — e grande parte desse legado foi construída através da franquia Missão: Impossível. Desde sua estreia em 1996, sob a direção de Brian De Palma, até os capítulos mais recentes que flertam com o épico, a saga de Ethan Hunt transcendeu o rótulo de blockbuster e se tornou um marco na história do entretenimento, mesclando suspense, espionagem e acrobacias inacreditáveis. Agora, com Missão: Impossível – O Acerto Final (2025), o que temos diante dos olhos é um possível adeus — glorioso e emocional — ao agente secreto que desafiou o impossível tantas vezes.

Na nova trama, ambientada dois meses após os eventos do filme anterior, Ethan Hunt (Cruise) se vê diante de sua missão mais complexa: impedir que Gabriel Martinelli (Esai Morales) se aposse da Entidade, uma inteligência artificial senciente que ameaça a ordem global. Ao mesmo tempo, Hunt é pressionado pela agora presidente dos Estados Unidos, Erika Sloane (Angela Bassett), para entregar uma misteriosa chave em forma de cruz que pode ser a última chance de destruir a IA. Dividido entre o dever e a ética, Ethan reúne uma equipe de confiança — com destaque para Grace (Hayley Atwell), Benji (Simon Pegg), Luther (Ving Rhames) e os mais recentes Paris (Pom Klementieff) e Degas (Greg Tarzan Davis) — numa jornada eletrizante entre o fundo do Oceano Ártico e as vastas paisagens da África do Sul.

Paramount Pictures/Reprodução

O diretor Christopher McQuarrie, em sua quarta participação na franquia, mostra domínio absoluto sobre a linguagem cinematográfica e respeito pelo universo que ajudou a expandir. Ele injeta equilíbrio entre ação, drama e até toques de comédia, garantindo que o espectador não apenas se deslumbre, mas também se envolva emocionalmente. O roteiro, escrito por McQuarrie e Erik Jendresen, costura elementos de toda a saga e presta homenagens explícitas aos filmes de 1996 e 2006, sem esquecer das demais produções.

Em termos técnicos, o filme é um deleite. As cenas de ação, como sempre, são espetaculares. Tom Cruise desafia os limites físicos com suas acrobacias ousadas, desde saltos aéreos até mergulhos de tirar o fôlego. A edição de Eddie Hamilton mantém um ritmo intenso, ainda que por vezes fragmentado demais, e a trilha sonora de Max Aruj e Alfie Godfrey eleva a tensão e a emoção em cada sequência-chave.

Paramount Pictures/Reprodução

O elenco está em plena sintonia. Cruise, como de costume, entrega intensidade total. Hayley Atwell traz camadas dramáticas à sua personagem, enquanto Pegg e Rhames reforçam o elo emocional e o alívio cômico da equipe. Klementieff e Davis, adições mais recentes, encontram seus espaços e deixam suas marcas, contribuindo para a que talvez seja a melhor formação da equipe IMF em toda a franquia.

Contudo, O Acerto Final não escapa de alguns tropeços. O desejo de McQuarrie e Cruise em criar um encerramento épico se transforma, em certos momentos, em excesso. Há uma superpopulação de personagens que surgem brevemente, sem grande impacto, além de conexões com o passado que nem sempre soam naturais — e que, por vezes, beiram o melodrama forçado. A tentativa de resolver mistérios antigos da franquia divide opiniões e pode parecer um pouco artificial em meio à grandiosidade do enredo.

Paramount Pictures/Reprodução

Além disso, o subtexto sobre algoritmos, inteligência artificial e a ameaça à “verdade” pode soar panfletário demais em certos trechos. A crítica ao mundo digital e à superficialidade dos streamings é válida, especialmente quando vinda de um defensor apaixonado do cinema como Cruise, mas o filme corre o risco de perder o equilíbrio entre a mensagem e o entretenimento.

Missão: Impossível – O Acerto Final é mais do que um filme de ação: é uma carta de amor ao cinema, ao personagem Ethan Hunt e ao público que acompanhou essa jornada por quase 30 anos. Apesar dos excessos e da tentativa de abraçar o épico em demasia, o longa entrega momentos memoráveis, interpretações marcantes e um espetáculo visual digno das maiores telas.

Paramount Pictures/Reprodução

Se for realmente o fim, é um adeus digno de aplausos de pé. Mas se houver um retorno, não há dúvidas de que o público estará lá, pronto para mais uma missão impossível — porque, no fim das contas, Ethan Hunt e Tom Cruise continuam sendo dois dos maiores heróis que o cinema já produziu.

Critica - Missão: Impossível – O Acerto Final
Ótimo 4
Nota Cinesia 4 de 5
Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *