Karatê Kid: Lendas | Um Retorno Honroso Que Equilibra Passado e Presente

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
4 Ótimo
Critica - Karatê Kid: Lendas

Quinze anos após seu último filme, a franquia Karatê Kid retorna aos cinemas após o sucesso nos streaming pela série Cobra Kai com Karatê Kid: Lendas, uma emocionante passagem de bastão que une gerações e expande o legado da saga. Dirigido por Jonathan Entwistle, o longa apresenta Lin (Ben Wang), um adolescente sino-americano que se muda de Pequim para Nova York e precisa lidar com o bullying, a adaptação cultural e a descoberta da força interior por meio do karatê. Tudo isso com a ajuda de duas figuras lendárias da franquia: Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Sr. Han (Jackie Chan), finalmente reunidos em um mesmo universo.

Lendas chega com o peso de uma herança amada e a difícil tarefa de agradar tanto aos fãs veteranos quanto a um público novo. O filme, felizmente, acerta ao trilhar um caminho de respeito ao passado sem se prender a ele — um equilíbrio raro em produções nostálgicas que tantas vezes cedem ao fan service vazio.

Sony Pictures/Reprodução

O enredo, que poderia facilmente soar reciclado — garoto novo na cidade, enfrenta bullying, aprende karatê e encontra seu propósito — ganha frescor graças à maneira como os roteiristas tratam a construção dos personagens. Lin, interpretado com carisma e sensibilidade por Ben Wang, é mais do que um herói em formação: ele é um reflexo de uma nova geração lidando com identidade, pertencimento e dor emocional com maturidade e nuance. Ao invés de apelar para o clichê da vingança, o filme escolhe explorar a reconstrução da confiança e a busca de um propósito, um tema que ressoa com o espírito original da franquia.

O grande atrativo para os fãs de longa data é, claro, o encontro entre Daniel LaRusso e Sr. Han. A decisão de unir os universos do clássico de 1984 e do remake de 2010 poderia ter sido apenas um truque comercial, mas se mostra orgânica e significativa. Ralph Macchio e Jackie Chan compartilham momentos de sabedoria e humor contidos que valorizam a trajetória de ambos os personagens, sem nunca ofuscar os novos protagonistas.

Sony Pictures/Reprodução

Jonathan Entwistle, conhecido por seu trabalho em séries voltadas ao público jovem, traz um olhar moderno, mais contido e introspectivo ao longa. Sua direção evita a grandiosidade excessiva e aposta na emoção contida, no cotidiano dos conflitos e nas relações humanas — especialmente na tensa, porém rica, dinâmica entre Lin e Victor (Joshua Jackson), pai de Mia. Essa subtrama adiciona uma camada dramática interessante, com dilemas adultos que ampliam o alcance do filme.

Visualmente, Lendas não tenta reinventar a roda. As lutas são bem coreografadas, mas não espetaculosas; são verossímeis, servindo mais à narrativa do que ao espetáculo. Isso reforça a ideia de que o karatê, mais do que combate, é uma jornada interior.

Sony Pictures/Reprodução

O grande mérito do filme está em compreender o que Karatê Kid sempre foi: uma história de formação, de autodescoberta, e de honra — não apenas um drama esportivo. Ao acolher novatos e veteranos com a mesma atenção e respeito, Lendas prova que existe espaço no cinema contemporâneo para continuações que não apenas existam por existir, mas que de fato tenham algo novo a dizer.

Critica - Karatê Kid: Lendas
Ótimo 4
Nota Cinesia 4 de 5
Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *